Delator disse que Alírio Neto, da Justiça, recebia propina de empresas.Secretário nega e diz que pediu para Ministério Público investigar denúncia.
Informações G1 DF, DFTV - A corregedoria da Polícia Civil do Distrito Federal investiga desde agosto a suposta participação do secretário de Justiça, Alírio Neto, e de mais três policiais civis no esquema de corrupção revelado pela Operação Caixa de Pandora.
O atual secretário de Justiça ocupou a mesma pasta no governo de José Roberto Arruda. Em nota, Neto afirmou que as empresas citadas por Durval Barbosa não prestaram serviço para a Secretaria de Justiça durante o período em que ele foi secretário. Disse ainda que pediu apuração ao Ministério Público Federal - veja íntegra abaixo.
A investigação começou na Secretaria de Transparência, que em março deste ano abriu processo disciplinar para apurar denúncias feitas por Durval Barbosa, delator do escândalo da Caixa de Pandora.
De acordo com Barbosa, Alírio Neto, o ex-diretor geral da Polícia Civil e mais dois servidores da corporação, um delegado e um agente, se beneficiaram de contratos com empresas de informática. As empresas responsáveis pelo Na Hora móvel e fixo, administrados pela Secretaria de Justiça, pagariam 10% do valor dos contratos em propina.
Barbosa afirmou em depoimento que 40% desse total iam para o secretário Alírio Neto, que também receberia dinheiro desviado dos contratos de prestadoras de serviço da Polícia Civil e do Detran. O restante seria distribuído a outros integrantes do primeiro escalão do GDF. Os investigados são todos da Polícia Civil e, por isso, a Secretaria de Transparência encaminhou o caso para a corregedoria da corporação. A corregedoria abriu um inquérito policial, que está tramitando em sigilo.
A corregedoria pediu que Alírio Neto e os três policiais sejam ouvidos no inquérito, além de Durval Barbosa. O caso também está sendo acompanhado por uma desembargadora do Tribunal de Justiça, já que o secretário tem foro privilegiado.
Mensalão do DEM- O suposto esquema do mensalão do DEM de Brasília foi descoberto depois que a Polícia Federal deflagrou, em novembro de 2009, a operação Caixa de Pandora, para investigar o envolvimento de deputados distritais, integrantes do governo do DF, além do então governador, José Roberto Arruda, e de seu vice, Paulo Octávio (sem partido, ex-DEM). Octávio e Arruda sempre negaram envolvimento com o suposto esquema de propina.
Arruda chegou a ser preso, deixou o DEM para não ser expulso e teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral. Paulo Octávio renunciou ao cargo para defender-se das acusações. Durante meses, o DF esteve ameaçado de intervenção federal, devido ao suposto envolvimento de deputados distritais, integrantes do Ministério Público e do Executivo com o esquema denunciado por Durval Barbosa.
Confira íntegra da nota de Alírio Neto:
"ESCLARECIMENTOS
1- Em 19 de abril de 2011 o Sr. Durval Barbosa Rodrigues prestou depoimentos à Secretaria de Transparência, no qual fez acusações a ex-integrantes da Polícia Civil do DF, entre eles o Secretário de Justiça, Alírio Neto. Visando dirimir dúvidas, incongruências e inconsistências, o Sr. Durval Barbosa Rodrigues, uma semana depois, foi convocado para novo depoimento.
2- Tendo tomado conhecimento desse assunto através da imprensa, que já divulgou o fato naquela época, o Secretário de Justiça e Cidadania encaminhou requerimento acompanhado de cópias dos dois depoimentos, a Excelentíssima Senhora Subprocuradora Geral da República Dra. Raquel Dodge para adoção das medidas pertinentes e a completa apuração das acusações formuladas pelo Sr. Durval Barbosa Rodrigues.
3- Diante desses fatos a Secretaria de Transparência encaminhou os dois depoimentos à Polícia Civil do DF para as devidas providências.
4- Ao receber referidos depoimentos da Secretaria de Transparência, a Polícia Civil do Distrito Federal imediatamente instaurou procedimento para apurar os fatos, tendo sido o Sr. Durval Barbosa Rodrigues convocado para confirmar os depoimentos e apresentar provas das referidas acusações, encargo do qual o mesmo não se desincumbiu.
5- O Secretário de Justiça que anteriormente já abordou esse assunto com a imprensa - inclusive com a Rede Globo - esclarecendo que as empresas CAP BRASIL e SEARCH não prestaram serviços para a Secretaria de Justiça e Cidadania durante o tempo em que o mesmo foi secretário e que quando lá chegou já encontrou a empresa B2BR prestando serviços na condição de vencedora de licitação pública, com a qual mantém relacionamento dentro dos deveres e direitos do ofício, portanto aguardará a conclusão das apurações para se pronunciar. Até lá, esse assunto continuará sendo tratado na esfera judicial por meio de seus advogados.
6- Apesar de ser um tema recorrente e conhecido por todos, nunca é demais lembrar que não é a primeira vez nem muito menos a primeira pessoa que o Sr. Durval Barbosa acusa e depois muda suas declarações conforme sua própria conveniência.
7- O Secretário de Justiça esclarece por oportuno que também é assunto recorrente e por demais conhecido, as divergências políticas partidárias e sindicais existentes entre ambos, desde os tempos do SINPOL- Sindicato dos Policiais Civis do DF.
Tendo tomado conhecimento desse assunto através da imprensa, que já divulgou o fato naquela época, o Secretário de Justiça e Cidadania encaminhou requerimento acompanhado de cópias dos dois depoimentos inconsistentes e contraditórios, para a Excelentíssima Senhora Subprocuradora Geral da República Dra. Raquel Dodge para adoção das medidas pertinentes e além disso, foi solicitado pelos citados nos depoimentos, a abertura de procedimento pela Polícia Civil do Distrito Federal para completa apuração das infundadas acusações formuladas pelo Sr. Durval Barbosa Rodrigues."
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