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» » Agnelo ensaia minirreforma para contemplar a cobrança de aliados



O governo se prepara para fazer um rearranjo em sua equipe. Assessorado por seus aliados mais próximos, o governador Agnelo Queiroz (PT) realizará mudanças seis meses após tomar posse no Palácio do Buriti. Avalia que precisa ajustar o leque de partidos da base, assim como tornar a máquina mais eficiente. Entre os cotados para ingressar no primeiro escalão estão os distritais Cristiano Araújo (PTB) e Joe Valle (PSB) e deputado federal Ricardo Quirino (PRB). Na outra ponta, há fortes pressões internas contra alguns integrantes do primeiro escalão, entre eles o secretário de Obras, Luiz Pitiman.

A crise com Pitiman já dura mais de um mês. Na semana passada, ele nem participou da vistoria das obras do Estádio Nacional. Agnelo tem sido pressionado por petistas a trocar o titular da pasta. O vice-governador, Tadeu Filippelli (PMDB), entrou em campo para contornar a situação. Desde o começo do ano, os dois tiveram alguns atritos, coisa que ninguém pensaria, pois eram muito próximos. Pitiman foi eleito como braço direito de Filippelli depois de ter passado dois anos como presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) por indicação do hoje vice-governador.

Apesar de algumas diferenças, o vice-governador ficou ao lado do secretário. “No momento em que se mostra possível a adoção de medidas para ajustar o governo, podem surgir sentimentos mais críticos a essa ou aquela postura de algum integrante da equipe. Mas essa visão crítica não vem só de um lado. Ela se dá em mão dupla. Disso não está livre nem o PT, nem o PMDB, nem nenhum outro partido que compõe a nossa aliança”, afirmou. O vice afirma estar solidário a Pitiman. “Sem fazer distinção de partido, a minha solidariedade nunca faltou a ninguém. No caso do Pitiman, um companheiro do PMDB, minha solidariedade será incondicional.”

Pitiman criou arestas com o PT quando começou a propagar sua intenção de um dia concorrer ao GDF. Nas conversas, sempre afirma que sabe respeitar a fila e apoiaria a reeleição de Agnelo e Filippelli. O secretário também promete apoiar Filippelli quando Agnelo não puder mais concorrer ao Buriti. Mas esse projeto explícito incomoda integrantes do PT.

Um dos pontos que provocou maior desgaste para Pitiman foi a participação dele na última semana de votação da Câmara Legislativa. O secretário fez de tudo para derrubar o projeto de lei que deu autonomia à Terracap para utilizar recursos oriundos da venda de terrenos em investimentos diversos. Se deixar o Buriti, Pitiman volta à Câmara dos Deputados, e um dos cotados para substituí-lo seria justamente seu suplente, o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus Ricardo Quirino. Vinculado ao PRB, Quirino representa uma força evangélica que o governador sempre teve ao seu lado. No entanto, interlocutores de Agnelo garantem que Pitiman segue no cargo, ao menos por enquanto.

A secretária de Educação, Regina Vinhaes, é outra a sofrer pressão de aliados que cobiçam sua cadeira. Ela é considerada uma técnica conceituada e com capacidade de formular políticas públicas, mas com dificuldades para se relacionar com uma área que tem um viés político forte.

Demandas
Agnelo escalou o secretário de Governo, Paulo Tadeu (PT), e o presidente da Câmara Legislativa, Patrício (PT), para a tarefa de coordenar as demandas dos partidos e aliados. A dupla conversou com praticamente todos os deputados para conhecer suas pretensões. O partido que mais tem buscado espaço é o PTB. Líderes da legenda avaliam ter colaborado com a campanha de Agnelo em 2010 e agora cobram a fatura.

Representante do partido na Câmara Legislativa, Cristiano Araújo já recebeu convite para ingressar no governo. Uma primeira conversa girou em torno da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, depois veio a possibilidade de ir para o Meio Ambiente e, por último, o convite para a Secretaria de Juventude. Até agora, no entanto, Cristiano não negociou todos os pontos de interesse. Para o PTB, seria conveniente abrir espaço na Câmara Legislativa e contemplar o ex-deputado Dr. Charles, que hoje é primeiro suplente do partido.

O distrital Joe Valle também já discutiu várias vezes a possibilidade de deixar a Câmara e assumir uma secretaria no governo. Apesar da simpatia do partido pela transferência dele para o Executivo, Joe avalia que não estaria fazendo um bom negócio pois entregaria o mandato para um adversário eleitoral, o suplente Guarda Jânio (PSB). Como mantém pessoas de sua confiança em secretarias como a de Agricultura e a Emater, não acha necessário sua migração para o governo. Para Agnelo, é importante mexer na estrutura da Câmara Legislativa pois, ao tirar titulares, passaria a lidar com suplentes, mais suscetíveis a pressões e menos a vontade para as cobranças ao Executivo.

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