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Fercal: Queixas contra a qualidade da água
Os moradores da Comunidade Boca do Lobo usam o produto de poços artesianos e reclamam da coloração, do sabor e do odor. Caesb deve resolver o problema.


Patrícia Rêgo, com o filho, Henrique, de 1 ano, e o sobrinho, Elias: "Não dá para cozinhar desse jeito".

A cidade mais nova do Distrito Federal, emancipada em fevereiro de 2012, apresenta deficiência no abastecimento de água. Com aproximadamente 32 mil habitantes, parte da Fercal recebe o produto de poços artesianos. A qualidade, porém, é contestada em virtude da coloração e do sabor. A substância, denominada de salobra, não é utilizada para matar a sede e cozinhar alimentos. Muitos preferem não se arriscar e buscam, em galões, recursos de Sobradinho 2, a 13km da região. A água tem gosto forte em razão da presença de calcário no solo, além de cheiro acentuado e aparência esbranquiçada...

No início de junho, os moradores ajuizaram uma ação no Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) contra o abastecimento improvisado. O caso segue sob a responsabilidade da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon). Uma reunião entre representantes da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) e a comunidade está marcada para terça-feira. A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) confirmou que a região não é abastecida por redes de abastecimento legais.

O regulador de Serviços Públicos da Adasa, Igor Medeiros, garante, no entanto, que não há riscos. “A água ofertada tem características do que chamamos de água dura e é disponibilizada por poços tubulados, profundos. A presença de calcário contribui para essa realidade. Não há perigo para a população, mas o gosto é diferenciado”, afirma. A Caesb confirmou a informação.

Doenças

Na Comunidade Boca do Lobo (Engenho das Lages), na Fercal, os moradores se mobilizaram e fizeram um abaixo-assinado. Na casa de Adair Gomes, 61 anos, não há hidrômetro, e a cobrança chega a R$ 300. “Aqui, 70% da água é potável, e o restante, salobra. O que sai da nossa torneira não justifica o pagamento de taxas exorbitantes. Tem dia em que a água está branca, igual a leite, e o cheiro de cloro é tão forte, que incomoda”, relata. A Caesb explica que houve um erro de cadastramento do cliente, o que gerou a fatura acima do valor mínimo de consumo. O problema foi corrigido, e as contas com o valor mínimo, de R$ 54,25, foram entregues ao morador. Em breve, o imóvel de Adair receberá um hidrômetro.

O mesmo acontece na casa de Patrícia Silva Rêgo, 37 anos, que busca água em uma bica em Sobradinho 2 para beber e fazer a comida da família. A comerciante, mãe de Henrique Silva Rêgo, de 1 ano, acredita que o filho teve uma infecção urinária em razão da má qualidade da água na região. “Quando abrimos a torneira, ela está tão esbranquiçada que parece uma textura de leite”, reclama. O sobrinho dela, Elias Pires, 9, também apresentou complicações de saúde. “A realidade do nosso abastecimento é terrível. Até o café, se a gente fizer com essa água, fica ruim. Não dá para cozinhar desse jeito e, como comprar água mineral sai caro, o jeito é ir até Sobradinho”, lamenta.

Fonte: Por ISA STACCIARINI, Correio Braziliense - 26/07/2014

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