Por: Carla Rodrigues
Erguidos há mais de 50 anos, alguns prédios da Esplanada dos Ministérios são uma ameaça constante à segurança dos funcionários. Desde a construção da capital, afirma a Defesa Civil, pelo menos quatro deles continuam sem alvarás de funcionamento, escadas de emergência e manutenções para a prevenção de acidentes. Se não bastasse isso, problemas em subestações de energia nos subsolos mostram que os riscos são ainda maiores.
Na última quinta-feira, o edifício das Comunicações pegou fogo por conta do superaquecimento de um cabo da rede elétrica, causando pânico entre os servidores. Um acidente que se repete. Em fevereiro, já havia ocorrido problema semelhante no mesmo local. Em 2012, a explosão de uma subestação da CEB no Ministério do Esporte provocou a morte de um eletricista.
Além do prédio das Comunicações, os ministérios de Minas e Energia e de Planejamento também não possuem escadas de emergência. Além disso, de acordo com o diretor da CEB, Manoel Clementino, mesmo após a morte de uma pessoa, o Ministério do Esporte continua sem a manutenção necessária. Na verdade, ela já teria começado, porém falta concluir o que chama de parte civil, o que deve acontecer até o final deste mês.
Os cabos da Esplanada, avalia Clementino, são antigos, o que representa risco. Contudo, a substituição respeita uma lógica de uma racionalidade econômica. "É feito um diagnóstico e, quando os equipamentos indicam falha, a gente substitui", diz.
Ele acrescenta que, mesmo antigos, quando os equipamentos apresentam bom funcionamento "não há porque substituir", já que a CEB aproveita o recurso que seria gasto com a reposição em outras áreas que demandam urgência.
“A Esplanada não permite a instalação de equipamentos modernos. No caso dos prédios da casa, as estações transformadoras ficam dentro dos prédios, o que não é o ideal. Então, fazemos nosso trabalho, o que é possível. O que significa que fazemos manutenções técnicas”, explica o diretor da CEB.
Saiba Mais
Solução está distante
A solução definitiva para o sistema elétrico antigo da área central, admite o diretor da CEB, Manoel Clementino, está longe de acontecer. “Essa é uma concepção antiga que estamos trabalhando junto com o Ministério do Planejamento para mudá-la. Como essa ação será resolvida a longo prazo, mais de dois anos, por depender de uma articulação dos governos Federal e do Distrito Federal, resolvemos fazer as reformas imediatamente”, argumenta.
Desde 2011, ocorreram quatro princípios de incêndio. “E isso não deveria acontecer”, ressalta Clementino. Contudo, desde então, 15 dos 17 prédios da Esplanada passaram por reformas nas estações transformadoras.
Sem expediente
O cabo que causou o princípio de incêndio na última quinta-feira, diz, já foi substituído. Os funcionários do Ministério das Comunicações foram dispensados do trabalho até terça-feira para a manutenção do sistema elétrico.
Pode ser muito pior, alerta especialista
Para o arquiteto e urbanista Frederico Flósculo, da Universidade de Brasília, porém, os três acidentes nos ministérios são pouco perto do que pode acontecer. “Deus é brasiliense. Era para ter ocorrido muito mais tragédias graves na Esplanada. Aquela área está sem coordenação geral para procedimentos de manutenção técnica. Ninguém sabe quem controla isso. É a resposta que vale R$ 1 milhão”, ironiza.
Para o especialista, é errado jogar a culpa da ausência de manutenção necessária em cima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (Iphan), órgão que vez e outra parece contrário a mudanças na Esplanada. “O Iphan jamais se opôs a alterações nas edificações que impliquem em segurança. O que ele parece não querer são transformações grosseiras”, avalia.
Subsecretário de Operações da Defesa Civil, o coronel Sérgio Bezerra garante que o Corpo de Bombeiros fez vistorias gerais nos ministérios depois da morte do servidor da CEB no ano passado. Porém, procurada, a corporação não respondeu sobre os resultados das avaliações. “Mantemos sigilo até que os órgãos cumpram todas as exigências”, indicou o coronel Mauro, da Comunicação do CBM.
Incêndio na Polícia Civil
Cerca de 70% da sede da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS) ficou destruída após um incêndio, na madrugada de ontem. Não houve feridos, mas alguns inquéritos foram perdidos. A Polícia Civil aguarda o resultado da perícia para saber as causas do incidente, mas já descarta a possibilidade de ter sido criminoso. Todos os documentos também ficam armazenados em um computador fora da unidade, localizada atrás do Palácio do Buriti.
Clima de insegurança
A reportagem buscou informações sobre os alvarás de funcionamento dos prédios da Esplanada na Administração de Brasília. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, “alguns ministérios possuem, outros não”. Mas não soube dizer exatamente quantos, e lembrou que na época da construção de Brasília o documento não era necessário.
Enquanto isso, servidores e funcionários reclamam da falta de segurança nas construções e reconhecem a precariedade de muitos prédios. “Está tudo velho. Eles ficam contendo gastos com coisa que não pode, não precisa. Não me sinto seguro de trabalhar aqui. Alguém tem que intervir e fazer a coisa andar”, desabafa Ismael Ferreira, 50, do Ministério da Agricultura.
Assim como ele, Kleber Alexandre, 31, ressalta a necessidade de reformas e manutenção elétrica nos prédios. “Tem incidente direto aqui na Esplanada por conta da rede de energia e ninguém fala. O povo só fica sabendo o que sai na imprensa, mas tem muito mais do que parece. Eu não acho seguro para ninguém trabalhar aqui. É um perigo constante”, frisa o servidor.
Ainda na busca por mais informações e detalhes acerca das manutenções preventivas e corretivas nos ministérios, o Jornal de Brasília tentou entrar em contato com algum órgão que respondesse pela administração geral da Esplanada, mas esse responsável parece não existir. “Ninguém sabe quem controla isso. Hoje, os funcionários da Esplanada estão totalmente inseguros e ninguém faz nada”, alerta o arquiteto Frederico Flósculo.
Se continuar assim, provoca uma funcionária do Ministério do Esporte, “na Copa do Mundo, os turistas vão assistir fogos de artifício saindo do prédio”. Para Mônica Durans, 40, “falta interesse dos órgãos como CEB, Iphan e Ministério do Planejamento em fazer as coisas acontecerem. Já passou da hora de fazer reforma nos prédios da Esplanada”.
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br
A solução definitiva para o sistema elétrico antigo da área central, admite o diretor da CEB, Manoel Clementino, está longe de acontecer. “Essa é uma concepção antiga que estamos trabalhando junto com o Ministério do Planejamento para mudá-la. Como essa ação será resolvida a longo prazo, mais de dois anos, por depender de uma articulação dos governos Federal e do Distrito Federal, resolvemos fazer as reformas imediatamente”, argumenta.
Desde 2011, ocorreram quatro princípios de incêndio. “E isso não deveria acontecer”, ressalta Clementino. Contudo, desde então, 15 dos 17 prédios da Esplanada passaram por reformas nas estações transformadoras.
Sem expediente
O cabo que causou o princípio de incêndio na última quinta-feira, diz, já foi substituído. Os funcionários do Ministério das Comunicações foram dispensados do trabalho até terça-feira para a manutenção do sistema elétrico.
Pode ser muito pior, alerta especialista
Para o arquiteto e urbanista Frederico Flósculo, da Universidade de Brasília, porém, os três acidentes nos ministérios são pouco perto do que pode acontecer. “Deus é brasiliense. Era para ter ocorrido muito mais tragédias graves na Esplanada. Aquela área está sem coordenação geral para procedimentos de manutenção técnica. Ninguém sabe quem controla isso. É a resposta que vale R$ 1 milhão”, ironiza.
Para o especialista, é errado jogar a culpa da ausência de manutenção necessária em cima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (Iphan), órgão que vez e outra parece contrário a mudanças na Esplanada. “O Iphan jamais se opôs a alterações nas edificações que impliquem em segurança. O que ele parece não querer são transformações grosseiras”, avalia.
Subsecretário de Operações da Defesa Civil, o coronel Sérgio Bezerra garante que o Corpo de Bombeiros fez vistorias gerais nos ministérios depois da morte do servidor da CEB no ano passado. Porém, procurada, a corporação não respondeu sobre os resultados das avaliações. “Mantemos sigilo até que os órgãos cumpram todas as exigências”, indicou o coronel Mauro, da Comunicação do CBM.
Incêndio na Polícia Civil
Cerca de 70% da sede da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS) ficou destruída após um incêndio, na madrugada de ontem. Não houve feridos, mas alguns inquéritos foram perdidos. A Polícia Civil aguarda o resultado da perícia para saber as causas do incidente, mas já descarta a possibilidade de ter sido criminoso. Todos os documentos também ficam armazenados em um computador fora da unidade, localizada atrás do Palácio do Buriti.
Clima de insegurança
A reportagem buscou informações sobre os alvarás de funcionamento dos prédios da Esplanada na Administração de Brasília. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, “alguns ministérios possuem, outros não”. Mas não soube dizer exatamente quantos, e lembrou que na época da construção de Brasília o documento não era necessário.
Enquanto isso, servidores e funcionários reclamam da falta de segurança nas construções e reconhecem a precariedade de muitos prédios. “Está tudo velho. Eles ficam contendo gastos com coisa que não pode, não precisa. Não me sinto seguro de trabalhar aqui. Alguém tem que intervir e fazer a coisa andar”, desabafa Ismael Ferreira, 50, do Ministério da Agricultura.
Assim como ele, Kleber Alexandre, 31, ressalta a necessidade de reformas e manutenção elétrica nos prédios. “Tem incidente direto aqui na Esplanada por conta da rede de energia e ninguém fala. O povo só fica sabendo o que sai na imprensa, mas tem muito mais do que parece. Eu não acho seguro para ninguém trabalhar aqui. É um perigo constante”, frisa o servidor.
Ainda na busca por mais informações e detalhes acerca das manutenções preventivas e corretivas nos ministérios, o Jornal de Brasília tentou entrar em contato com algum órgão que respondesse pela administração geral da Esplanada, mas esse responsável parece não existir. “Ninguém sabe quem controla isso. Hoje, os funcionários da Esplanada estão totalmente inseguros e ninguém faz nada”, alerta o arquiteto Frederico Flósculo.
Se continuar assim, provoca uma funcionária do Ministério do Esporte, “na Copa do Mundo, os turistas vão assistir fogos de artifício saindo do prédio”. Para Mônica Durans, 40, “falta interesse dos órgãos como CEB, Iphan e Ministério do Planejamento em fazer as coisas acontecerem. Já passou da hora de fazer reforma nos prédios da Esplanada”.
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br
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