Desde 2004 empresa estatal não tinha um resultado tão ruim, que é atribuído ao aumento da importação e à queda da produção; mas não há como descartar o controle do governo sobre os preços do combustível nesse fraco desempenho
A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, explica que ano foi difícil para a principal empresa brasileira(Marcello Casal/Agência Brasil)
Aconteceu o que os investidores mais temiam: o resultado da Petrobras foi decepcionante. O que eles não imaginavam, porém, é que o desempenho seria tão ruim como mostrou o balanço. O lucro líquido de 21,2 bilhões de reais no ano passado foi 36% menor do que os 33,3 bilhões de reais de 2011. O resultado de 2012 é o menor desde 2004, quando a empresa registrou lucro líquido de 17,8 bilhões de reais, segundo levantamento da consultoria Economatica.
O maior problema da Petrobras é o controle de preços praticado pelo governo federal sobre os combustíveis. No ano passado, o governo ignorou a diferença entre os preços praticados no Brasil e no mercado internacional e não autorizou nenhum reajuste. O motivo principal era evitar uma pressão sobre os índices de inflação. Mesmo assim, foi preciso uma mudança na metodologia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para a inflação encerrar 2012 em 5,84%, dentro da meta estabelecida pelo Banco Central.
No início do ano, o Planalto assumiu que havia uma defasagem de aproximadamente 7% no preço da gasolina. Para evitar perdas maiores para a companhia neste ano, a gasolina foi reajustada em 6,6% e o diesel em 5,4% nas refinarias na semana passada. "A continuidade da política de preços prejudicou demais a empresa e a ação da Petrobras. O aumento de preços anunciado foi positivo, mas o porcentual é insuficiente para 'zerar' a diferença com o mercado externo", afirmou Luiz Caetano, analista da corretora Planner em relatório sobre a empresa.
O temor com a divulgação de resultados da Petrobras nesta segunda-feira influenciou o desempenho da bolsa de valores de São Paulo. O Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa, caiu 1,28% e refletiu as vendas da ação preferencial da Petrobras, que perderam 2,49% de seu valor no dia. Outra empresa de petróleo, a OGX, do empresário Eike Batista, também teve um dia ruim: queda de 3,13% no valor da ação.
"O mercado estava preocupado com os resultados da Petrobras e com a gestão da companhia, que está prejudicando as ações da empresa", disse Pedro Galdi, estrategista-chefe da SLW.
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Graça nega queda de braço entre a Petrobras e o governo
Por trimestre - O desempenho financeiro da Petrobras foi variado ao longo de 2012. No primeiro trimestre, o lucro foi de 9,2 bilhões de reais. No trimestre seguinte, a empresa registrou prejuízo de 1,3 bilhão de reais, mas voltou a lucrar no terceiro trimestre: 5,6 bilhões.
No quarto trimestre, o lucro líquido de 7,7 bilhões de reais foi 53% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Justificativa - No comunicado distribuído aos investidores assinado pela presidente Maria das Graças Fortes, a empresa atribui ao aumento das importações e menor produção de petróleo – queda de 2% na comparação com 2011. “Os preços mais elevados, pela desvalorização cambial, impactam anto nosso resultado financeiro como nossos custos operacionais”.
O aumento do preço nas refinarias deve equilibrar novamente as contas da Petrobras - Graça Foster esperava um reajuste de 6%, que foi confirmado na semana passada. Mas a presidente da Petrobras tem um outro problema para resolver este ano: um provável prejuízo de 1 bilhão de dólares com um negócio mal realizado em 2005.
(Com agência Reuters)
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