Triste é você conviver desde a infância com a sua filhinha , fazer tudo por ela, viver em função dela, dar carinho, amor, ensinar princípios e valores, ensinar a dar o primeiros passinhos, ensinar falar a primeiras letrinhas, ver ela dar as primeiras risadas engraçadas, trocar as suas fraldinhas, dar comidinha na boquinha dela, dar a mão para caminhar com ela, ajudar a levantar quando ela cair, contar historinhas pra ela e você vê que aquela pequenina é totalmente dependente de você.
Um dia eu estava na faculdade e me ligaram e falaram assim: "Daniel sua filha caiu e bateu com a cabeça no banco da igreja, ela vai ter que levar uns pontinhos".
Pronto isso já me deixou desesperado eu não estava vendo e imaginava o pior, meu coração disparou e fui direto para o Hospital, graças à Deus na época deu tudo certo, mas a marquinha do ponto está lá e de vez em quando vem a lembraça do meu desespero.
Continuando ela diz: Papai estou com fome, papai estou com sede, papai estou com calor, papai estou com frio, papai compra uma barbie pra mim. Você faz de tudo para fazer a vontade dela, a cada ano é comemorado uma nova idade e o tempo passa e de repente essa menina cresce se tornando "independente" e começa aos poucos não precisando mais de você, pois agora ela caloca em prática o que foi ensinado, começa a estudar, trabalhar e você vai apenas acompanhando esse crescimento e ficando cada vez mais distante dela, pois o trabalho e o dia a dia são corrido e não permite ficar mais tempo com ela.
Bem, surge uma oportunidade para ela viajar e fazer faculdade em outro estado. Essa fase é difícil a saudade aperta mas é diminuída pela tecnologia, o ruim é que você quer estar perto, mas a distância os separa.
Ela te liga pela última vez, você não percebe que será a última vez, afinal quantas vezes ela já fez isso, mas por um minuto ou até mesmo por alguns segundos de maneira repentina ela deixa de existir, num momento que você nada pode fazer, a não ser chorar, chorar e chorar.
Eu não consegui dormir direito no primeiro dia da tragédia de Santa Maria – RS na boate Kiss, as cenas eram chocantes e ficou na minha mente a noite inteira, dias antes eu tive dois treinamentos na empresa onde trabalho eram eles: Técnicas de Combate a Incêndio e o outro Plano de Emergência, acho que por causa disso essa tragédia se tornou pra mim mais dolorosa porque tudo aquilo que eu tinha aprendido acontecia diante dos meus olhos.
Hoje dia 31/01/2013 pensei muito na minha filha e fiquei imaginando se fosse eu, pai daqueles que já não existem mais, e se fosse minha filhinha, comecei a pensar nela e descrever o que passo com ela no dia a dia, e adaptei a história da Boate Kiss olha doeu demais fazer isso! :(
Daniel Melo
Rede Social
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