Milhares de manifestantes conscientizam a população acerca da gravidade do tema, com conselhos e orientações específicas
Por Cinthia Meibach e Sabrina Marques / Fotos: André Moura
redacao@arcauniversal.com
O evento “Rompendo o Silêncio”, idealizado pela escritora Cristiane Cardoso e organizado por grupos da Igreja Universal do Reino de Deus, reuniu milhares de manifestantes em diversos estados do País, para alertar sobre os riscos da violência doméstica. Em São Paulo, os participantes saíram do Largo da Concórdia, zona leste da capital paulista, em direção ao Cenáculo do Espírito Santo do Brás, na manhã deste sábado (26). Em um carro de som, uma das organizadoras do evento, a pastora Maria Rosas, comandava a manifestação com mensagens contra a violência doméstica.
No trajeto, transeuntes e motoristas eram alertados a respeito do assunto. Além das palavras ditas, mil cartilhas contendo informações sobre a Lei Maria da Penha foram distribuídas às mulheres, que também contaram com o apoio da assistente social e psicólogos da Abads.
Apesar de a passeata ter sido dirigida às mulheres, muitos homens acompanharam a multidão e também apoiaram a causa. Um deles foi o deputado federal Antonio Bulhões (PRB), que enfatizou a importância de que a mulher agredida receba proteção para que tenha coragem de denunciar o agressor. “A agressão é uma covardia, e denunciar é mais do que um direito da mulher, é um dever”, comentou.
Durante o percurso de 1 quilômetro, moradores, comerciantes e trabalhadores da Avenida Celso Garcia não puderam ignorar tamanha mobilização, que entusiasmou até quem estava em horário de serviço. “Sempre há algumas manifestações por aqui, mas eu nunca tinha visto uma como essa, agitada e com tantas pessoas. Pena que estou em horário de trabalho, porque a minha vontade é de seguir a multidão na luta contra a violência”, disse a atendente Patrícia Brandão, de 22 anos.
Livre do trauma
Em alto e bom tom, a auxiliar de escritório, Janiele Galdino (foto), de 18 anos, cantava a música tema da campanha, “Rompendo o Silêncio”, como se colocasse para fora toda a indignação pelos 12 meses consecutivos que sofreu agressão do namorado. “Aos 14 anos, fui morar com ele e logo no terceiro dia de convivência ele se mostrou o oposto daquele homem carinhoso a quem me entreguei. Por causa do ciúme, ele bateu com um capacete na minha cabeça, deixando meu rosto todo inchado por dias”, recorda. Em um dos casos de agressividade do companheiro, a auxiliar até buscou ajuda na Delegacia da Mulher, porém, quando foi encaminhada para realizar o exame corporal, ele a impediu. “Ele me ameaçou e depois fez juras de amor. Disse que mudaria o comportamento, o que não aconteceu”, destaca.
Cansada de esperar pela mudança dele, Janiele deu um basta na situação e voltou para a casa da mãe, abandonando de vez o companheiro. “Eu recebi um convite para participar de uma reunião na IURD. Lá eu aprendi que Deus não queria aquela vida para mim; Ele queria a minha felicidade. Depois de entender isso, eu o deixei e hoje namoro uma pessoa completamente diferente, que me ama e respeita de verdade”, afirma.
A promotora de Justiça Eliana Passarelli (foto), conhecida por ter uma postura enérgica diante de casos de abuso, fez questão de participar do evento e ministrar uma palestra, na qual incentivou a busca pelo direito da mulher. “A cada 15 minutos uma mulher é morta no Brasil e apenas 10% das que sofrem agressão têm coragem de denunciar. Isso porque falta o conhecimento. Mas quando ela decide agir, obtém uma reestruturação diante da posição que ocupa dentro da própria família”, orientou.
Logo após o direcionamento, uma peça teatral, encenada pela Companhia Teatral do Força Jovem, mostrou a história de uma mulher que era agredida pelo marido por causa do ciúme, mas conseguiu vencer o medo e procurou ajuda.
Mensagem de esperança
Reforçando tudo o que foi feito e falado durante o evento, Cristiane Cardoso (foto) fez questão de deixar uma mensagem às mulheres presentes no templo. “Mulher, deixe de lado tudo o que tem lhe violentado e compreenda o valor que você tem. Quando isso acontecer, então, poderá tirar proveito das experiências ruins e passará a ajudar as outras pessoas”, aconselhou.
A ativista Carlinda Tinoco anunciou o novo projeto chamado Raabe, que será voltado para atender mulheres que se encontram vivendo em situação de risco por causa da violência doméstica. Ela também convidou para o próximo evento sobre o tema, que será realizado no próximo dia 8 de dezembro. Para mais informações sobre o projeto acesse www.projetoraabe.com.
Além do apoio moral, a pastora Marilene Silva chamou à frente do altar as mulheres que estavam ali pela primeira vez ou vivendo momentos de risco por causa da violência doméstica e realizou uma oração de fé por todas, pedindo a Deus que desse a elas força e coragem para lutar e vencer as adversidades.
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