Brasília, 54 anos: a capital das diferenças
A cidade tem realidades opostas em regiões vizinhas. A diferença social é apenas um dos exemplos
Patrícia Fernandes
Brasília é uma cidade antagônica, rodeada de mistérios, monumentos e marcada pela diversidade. Em meio à sua arquitetura única, os opostos dividem espaço: o feio e o belo; a bonança e a miséria; o calor e o frio; o luxo e a precariedade. Completando 54 anos hoje, a jovem cidade conta com índices de desigualdades, em vários aspectos, dignos de uma centenária. Neste aniversário, surge a necessidade de repensar sobre os caminhos trilhados e sobre a perspectiva de futuro.
Saneamento
Enquanto boa parte das cidades dispõe de saneamento básico adequado, em outras, o acesso ainda é restrito. Exemplo disso é o Park Way, onde somente 4,1% dos moradores contam com rede de esgoto adequada. Ou seja, 96% dos 21 mil habitantes não contam com abastecimento de água potável nem com o tratamento de esgoto.
Situação semelhante vive a população do Jardim Botânico. Por lá, somente 4% dos cidadãos contam com esse tipo de serviço.
A disparidade social também é uma característica da aniversariante: enquanto no Lago Sul a média da renda per capita é de quase 11 salários mínimos, na Estrutural, o rendimento mensal não chega a um salário mínimo.
As diferenças, no entanto, não estão restritas ao aspecto social. O aspecto religioso, a situação climática e a faixa etária da cidade contam com contrastes extremos. Para Jusçanio Umbelino de Souza, gerente de Base de Dados da Codeplan, as divergências são fruto do processo histórico da capital. “Quando a cidade foi construída, muitos trabalhadores vieram trabalhar aqui, porém, ao contrário do previsto, eles não retornaram às suas cidades de origem”, relata.
Postos de trabalho
Segundo Jusçanio, houve um processo migratório forte e, por isso, as cidades cresceram de forma desordenada. Para que o cenário seja transformado, medidas como a criação de novos postos de trabalho são cruciais. “As áreas mais distantes precisam ter condições de dinamizar suas atividades produtivas e oferecer condições para que a iniciativa privada ache estímulo.”
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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