Por: Francisco Gelielçon
Um grupo de alunos do Centro Educacional 04 do Guará, no Distrito Federal, fechou a rua que dá acesso à instituição na manhã desta terça-feira (18) em protesto contra a falta de professores de filosofia, matemática, português, física e biologia desde o início do ano letivo, em 5 de fevereiro. O ato foi organizado em redes sociais e reúne cerca de 100 pessoas, segundo a Polícia Militar. A escola é voltada para estudantes de ensino médio, que têm entre 15 e 17 anos.
"A gente não deveria ter que fazer isso. Foi a única solução que encontramos, já mandamos carta, fizemos abaixo-assinado. Viemos pra rua pra ver se alguém atende nosso pedido", disse a estudante Raissa Alves.
O grêmio estudantil informou que entregou no início do mês um abaixo-assinado com 300 nomes para a regional de ensino pedindo professor de matemática, mas não obteve resposta. Procurado pelo G1, o subsecretário de gestão de Profissionais da Educação, José Eudes Oliveira da Costa, disse que negocia com a direção para que o problema não se repita nesta quarta.
O presidente do grêmio estudantil, Douglas Washington, criticou a situação. "Como vai ficar sem professor? O diretor mandou uma lista de carência pra regional antes das aulas começarem e ainda não colocaram professores."
Os estudantes também relatam que a escola não recebeu a verba prometida pelo governo depois de adotar o sistema de ensino baseado na semestralidade. Eles reclamam de má infraestrutura, com telhas quebradas e bueiros expostos, que já vitimaram alunos.
Déficit
Um levantamento feito pelo Sindicato dos Professores aponta que, passadas cinco semanas do início do ano letivo na rede pública, ainda faltam aproximadamente 1,5 mil profissionais efetivos nas escolas. A situação tem feito com que coordenadores assumam as turmas ou que as instituições liberem os alunos mais cedo.
A Secretaria de Educação nega o déficit, dizendo que as 4,7 mil carências já foram preenchidas e que o problema está relacionado à resistência dos temporários em assumir cargos de pouca duração.
“Só em 2014, se somadas, há 90 mil dias de licença médica. Como são licenças pequenas, de um, dois dias, os temporários não querem assumir. Isso cria uma dificuldade para o sistema em ter uma normalidade absoluta”, afirma o subsecretário. “Tentamos de todas as formas suprir as carências, mas as lacunas pequenas, de poucos dias, são o nosso grande problema. Estamos aperfeiçoando o nosso sistema para que a substituição dos professores de licença seja imediata."
Diretora da Escola Classe 6 de Ceilândia, Fátima Bezerra disse que em janeiro apresentou o problema à pasta e que, sem resposta, passou a assumir parte das aulas para minimizar o prejuízo.
O problema se repete no Centro de Ensino Médio 2 do Gama. Lá, de acordo com o diretor, Lindomar Ramos de Brito, a carência é de 15 professores. Sem temporários para substituir os professores que estão de licença médica, ele libera os alunos mais cedo todos os dias.
Do G1 DF
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