Rick Bowmer/AP
Elizabeth Smart, hoje com 25 anos, em foto tirada em maio; ela foi sequestrada e estuprada por nove meses quando tinha 14 anos
Dez anos depois de ser resgatada de um sequestro que durou nove meses, a norte-americana Elizabeth Smart, hoje com 25 anos, compartilha detalhes do pesadelo que viveu no livro "My Story" ("Minha História"), lançado nesta segunda-feira (7) nos Estados Unidos.
Em entrevista à rede de TV "CNN", Elizabeth afirma que o livro traz "100%" do que aconteceu com ela no cativeiro. "Quis mostrar exatamente como foi cada dia que eu passei lá", disse ela, que foi sequestrada por Brian David Mitchell quando tinha 14 anos após o criminoso invadir seu quarto e ameaçá-la com uma faca.
Elizabeth, que foi estuprada por Mitchell, disse ainda que uma de suas motivações é o fato de que muita gente não sabe que uma em cada quatro meninas e um em cada seis meninos sofrem algum tipo de abuso sexual antes dos 18 anos de idade.
"Quero chegar a esses sobreviventes, a essas vítimas. Quero que eles saibam que essas coisas de fato acontecem, mas que isso não precisa nos definir para o resto da vida. É possível seguir em frente e é possível ser feliz", disse Elizabeth, que hoje está casada.
O pesadelo de Elizabeth começou na noite do dia 5 de junho de 2002, quando Brian David Mitchell a arrastou de seu quarto em Salt Lake City, no Estado de Utah.
"Meu quarto era para mim o lugar mais seguro do mundo. Então fiquei apavorada quando acordei no meio da noite, no meu próprio quarto, com esse homem estranho em cima de mim, alguém que eu não conhecia e que tinha uma faca apontada para a minha garganta", disse. "Cresci em um lar muito feliz e realmente não sabia qual era a definição de medo até aquele momento", completou.
Elizabeth contou que, durante as horas em que caminhou com Mitchell até o cativeiro, se apavorou ao lembrar histórias de sequestros no noticiário e chegou a fazer um apelo. "Se você tem a intenção de me estuprar e me matar, pode fazer isso já, aqui?", disse ela, pensando, com isso, em estar o mais perto possível da família, para que eles jamais pensassem que ela havia fugido por vontade própria.
A resposta, no entanto, foi ainda mais assustadora: "Não vou te estuprar e matar ainda", teria dito Mitchell, segundo Elizabeth.
Então, depois de horas de caminhada eles chegaram a um acampamento nas montanhas, onde a mulher de Mitchell, Wanda Barzee, os estava esperando. Wanda, então, recebeu Elizabeth com um abraço.
"Estava apavorada, mas esse abraço não era reconfortante. Se esse abraço pudesse dizer alguma coisa, ele teria dito: 'você é minha e agora vai fazer exatamente o que eu mandar'."
Os estupros, então, começaram logo no primeiro dia. "Os nove meses seguintes foram de fome. E os meus dias se resumiam a ser estuprada. E estuprada não apenas uma vez, mas várias vezes ao dia", disse.
"Nunca julguem uma vítima"
Ao final da entrevista, Elizabeth fez questão de deixar uma mensagem: "Nunca julguem uma vítima".
"Você nunca pode julgar uma criança ou uma vítima de qualquer crime pelo que ele fez ou deixou de fazer porque você não estava lá. É fácil estar sentado no sofá da sua casa e questionar: 'Mas por que não fugiu?'", disse Elizabeth.
"Não sei, mas tinha 14 anos e era uma garotinha. Ele me sequestrou, me acorrentou, me estuprou. Fez tudo isso com sucesso. Quem garante que ele não teria sucesso também em matar a minha família?". A segunda parte da entrevista com Elizabeth irá ao ar na noite desta terça-feira (8) na "CNN".
7.mai.2013 - Georgina Lynn Dejesus (esquerda), Michele Knight (centro) e Amanda Marie Berry (direita), em fotografia de antes de serem sequestradas, há cerca de dez anos. As três foram encontradas vivas em um cativeiro na cidade de Cleveland, no Estado norte-americano Ohio. Também estava com elas uma criança de seis anos, filha de Amanda Berry. A polícia acredita que ela pode ser filha de um dos sequestradores Leia mais FBI/AP/Reprodução Daily Mail
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