Em entrevista a EXAME.com, deputado presidente da nova Frente Parlamentar sobre Marketing Multinível diz que começa na próxima semana a coletar assinaturas para uma CPI
Douglas Gomes / Divulgação PRB
Deputado Acelino Popó (PRB-BA), presidente da Frente Parlamentar sobre Marketing Multinível: depois de estudar assunto, tornou-se crítico às empresas suspeitas
São Paulo – Após quase três anos, o deputado de primeiro mandato e campeão de boxe Acelino Popó (PRB-BA) ganha projeção em uma área espinhosa: a do marketing multinível, cuja distinção com o crime de pirâmide financeira parece não estar bem delimitada no Brasil (veja as diferenças).
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Popó caiu no assunto de paraquedas, depois de ser procurado, no gabinete e nas redes sociais, por dezenas de vendedores das empresas desesperados com o bloqueio dos bens.
Desde junho e julho, respectivamente, TelexFREE eBBom estão proibidas de seguir com suas atividades até que a justiça decida se ambas são mesmo mantidas pelo esquema de pirâmide, como acusa oMinistério Público.
O ex-lutador é agora presidente da Frente Parlamentar sobre Marketing Multinível, criada oficialmente nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados. O grupo quer regulamentar a atividade no país.
Mas as empresas envolvidas em suspeitas perderam a chance de ter um aliado na presidência da Frente. Em pouco mais de um mês, o discurso de Popó mudou radicalmente:passou de apoio ao desbloqueio para o pedido de uma CPI que apure melhor a situação de cada uma delas.
“A gente vai estudando. Se a justiça bloqueou, é porque tem alguma coisa errada”, falou em entrevista à EXAME.com.
Na conversa abaixo, o deputado conta ainda sobre as decepções com a Câmara dos Deputados, onde tentará ficar em 2014. “Às vezes as coisas são tão lentas naquela Casa que dá vontade de socar alguém”, afirmou, mostrando que mantém hábitos de boxeador.
EXAME.com - Como o senhor se tornou presidente da Frente Parlamentar sobre Marketing Multinivel?
Acelino Popó - Eu sabia o que era (o marketing multinível e as empresas suspeitas de pirâmide), mas não estava ciente do prejuízo que algumas pessoas estavam tendo, vendendo até mesmo casas e carros. Tornei-me presidente da Frente justamente pela dificuldade das pessoas que me procuraram, tantos nas redes sociais quanto no gabinete. Muitos pediam ajuda. Quem entrou há menos de três meses e tentou tirar lucro, perdeu. E venderam todas as economias que tinham. A gente vai tentar regulamentar essa atividade no país, mas de maneira correta.
EXAME.com - O senhor mencionou que quer uma CPI do marketing multinível. Para investigar exatamente o quê? Em que ponto está a criação dela?
Popó – Na próxima terça-feira (dia 8), chego a Brasília e já começo a coletar as assinaturas (é preciso o apoio de pelo menos 171 parlamentares). Depois disso, tem uma burocracia. Quero entrar com uma CPI para fazer uma auditoria. Onde está esse dinheiro? É pirâmide? Tem produtos sendo vendidos? As pessoas quando compram recebem o produto ou estão os vendo apenas nas nuvens? Será uma coisa séria para investigar as empresas. Todas elas. São mais de 100 no Brasil. As mais famosas são a Bbom e a TelexFREE.
EXAME.com - Em uma audiência pública em agosto, o senhor se manifestou a favordo desbloqueio das empresas, alegando que milhares eram prejudicados. Nesta semana, na criação da Frente, esse discurso não apareceu. Afinal, a Justiça deveria desbloquear os bens?
Popó – A gente vai estudando e sabendo mais sobre o caso. Se a Justiça, assim como os promotores e procuradores de Acre e Goiás, resolveu bloquear os bens, é porque tem alguma coisa errada. Não sou jurista, estou me aprofundando e passei a entender que, se tiveram liminares bloqueando bens em alguma delas, tem algo funcionando errado.
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