Correio leva pessoas com deficiências a testar deslocamento de Ceilândia até o centro de Brasília. Elas foram ao Estádio Nacional e ao Centro de Convenções
Quando se trata do atendimento ao direito fundamental de ir e vir do cidadão, há casos em que o próprio poder público é o responsável pela omissão. Brasília, apesar de ser uma cidade moderna e a capital do país, é capaz de evidenciar situações negativas para a rotina de pessoas com deficiência. Um exemplo está nas imediações de um dos palcos da Copa do Mundo de 2014, o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, e também no vizinho Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Dentro das duas instalações, um nível próximo à excelência em equipamentos garante o conforto dos usuários, mas, do lado de fora, fica evidente a realidade de uma cidade deficiente.
Na manhã da última quinta-feira, as aposentadas Maria do Desterro de Lima, 44 anos, e Iêda Hebe de Almeida, 59, aceitaram o desafio do Correio de se deslocarem de Ceilândia, onde moram, até os arredores do estádio utilizando o transporte público na ida e na volta do itinerário. E as reclamações começaram logo. “Fizeram os elevadores dos novos ônibus do mesmo jeito dos antigos, com o piso elevado, mas o ideal é que os carros tenham a traseira rebaixada”, explica a cadeirante Maria do Desterro, que, aos 2 anos de idade, teve paralisia infantil. Após deixar o coletivo, as observações continuam. “A calçada é muito ruim e o sinal sonoro nos semáforos faz muita falta para quem não enxerga”, avalia Iêda Hebe, deficiente visual de nascença.
O Estádio Nacional receberá sete jogos na Copa do Mundo. Toda a construção seguiu as normas de acessibilidade delimitadas na Norma 9.050, de 2004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Já o Centro de Convenções Ulysses Guimarães é o principal endereço para a realização de congressos e outros eventos. Apenas no ano passado, 522 mil participantes movimentaram quase R$ 300 milhões na cidade. No seu interior, a maior parte dos espaços conta com acessibilidade, mas, para chegar até lá, pessoas com deficiência devem se desdobrar.
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