Com o boxe, o baiano de 37 anos deixou para trás uma infância muito pobre e papou 11 Cinturões (quatro deles mundiais) e popularidade para tornar-se deputado federalPor Acelino Popó Freitas

PASSEI A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA EM UMA CASA DE UM CÔMODO. Quarto e sala eram separados por uma cortina. Meu pai trabalhava muito e minha mãe fazia faxina. A briga era nos alimentar.
MEU PAI E MEUS QUATRO IRMÃOS LUTAVAM BOXE. Um deles, Luis Cláudio, era o meu ídolo. Acompanhava ele nos treinos, nas lutas. Queria ser igual e fui atrás disso.
NÃO TINHA DINHEIRO PARA PAGAR A MENSALIDADE DA ACADEMIA, o equivalente a uns R$ 30 hoje. Mas o treinador Luiz Dórea viu talento em mim e me liberou do pagamento. Tinha 13 anos e não faltava um só dia. Aos 14 anos, fui campeão baiano. Aos 15, campeão do Nordeste. Aos 17, campeão brasileiro e entrei para a seleção.
O BOXE FOI RESPONSÁVEL POR TUDO NA MINHA VIDA. Mudou a minha história e a da minha família. Não seria nada sem ele. Acho que o esporte é capaz de melhorar a vida de qualquer pessoa.
TUDO O QUE QUIS NA MINHA VIDA INTEIRA EU CONSEGUI. Quis ir para a seleção de boxe, fui. Quis ser campeão brasileiro profissional, campeão mundial uma, duas, três, quatro vezes, fui tudo. Sempre com muito esforço, disciplina e humildade. Sem nunca passar por cima de ninguém – a não ser de meus adversários. A gente consegue o que quer com dedicação.
O QUE ME MOVIA NÃO ERA VAIDADE, não era orgulho, não era fama. O que queria era mudar a vida da minha família e dar uma casa para minha mãe. Hoje posso dar aos meus filhos tudo o que não tive.
TIVE QUE PARAR DE ESTUDAR na quarta série por causa do boxe. Mas não me acomodei, não parei no tempo nunca. Há cinco anos, quando parei de lutar, fui completar meus estudos. Fiz supletivo, entrei na faculdade e estou hoje no segundo ano de direito.
NUNCA FIQUEI PENSANDO QUE ERA O MELHOR DO MUNDO. Minha realidade não era aquela.
SEMPRE RESPEITEI OS ADVERSÁRIOS, mas nunca tive medo. Quando se está num ringue, só há duas opções: ganhar ou perder. Deu certo porque sempre acreditei.
FIZ 41 LUTAS, tive só duas derrotas. A primeira, encarei com naturalidade. Fiz tudo o que tinha treinado, mas meu adversário foi melhor. Ponto. A segunda foi pura teimosia. Estava quase um ano parado, a luta foi antecipada, tinha perdido muito peso. Sabia que não devia fazer aquilo, mas teimei. Acabei me ferrando.
A VITÓRIA NOS ENSINA a ser perseverantes e otimistas. A derrota nos ensina a ser humildes.
VIREI DEPUTADO PORQUE ERA SUPLENTE. Quero trabalhar pelo social e pelo esporte, mas às vezes dá vontade de ir embora, de desistir daquilo tudo. As coisas não andam, a gente sabe da roubalheira… Pior que temos que sentar ao lado do sujeito que está condenado, essas coisas.
JÁ TIVE VONTADE DE DAR UMA NO QUEIXO DE UM MONTE DE GENTE LÁ. Mas aprendi que a passividade também pode ser uma virtude e que tem coisas contra as quais não adianta a gente brigar desse jeito. Temos que lutar de outra forma. Minha meta é ser governador da Bahia. E vou trabalhar para isso.
VOLTEI AOS RINGUES EM 2012. Meu adversário tinha só 22 anos, mas o nocauteei. A gente não desaprende o que sempre soube. Quis lutar porque meu filho de 7 anos nunca tinha me visto no ringue. Por amor a um filho fazemos tudo.
(EM DEPOIMENTO A CLÁUDIA DE CASTRO LIMA)http://vip.abril.com.br/boa-vida/esportes/sempre-consigo-tudo-o-que-quero/?utm_source=redesabril_vip&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_vip







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