Estão em estudo mudanças pontuais no quadro de secretários e administradores regionais. Longe da amplitude de uma reforma, os movimentos têm caráter de adaptações. Neste sentindo, a cúpula do Palácio do Buriti busca ampliar resultados em setores com desempenho aquém do desejado e fazer composições políticas para 2014.
Na outra ponta desta história, estão personagens e forças políticas em busca de mais espaço dentro da máquina.
“Nos últimos 15 dias o governador Agnelo esteve 100% focado com a inauguração do estádio Mané Garrincha e em resolver problemas da Saúde, Educação e Segurança. Agora ele terá tempo para a agenda política. E é possível que ele faça adaptação no contexto de agregar forças ao governo”, comentou o secretário do Conselho de Governo, Roberto Wagner.
Portas abertas
Nas palavras do secretário, o GDF está disposto a unir todas as forças que aceitem compor na gestão e na política. Desta forma, portas estariam abertas para políticos de centro e direita descontentes ou deslocados do tabuleiro político.
O primeiro sinal das mudanças foi a indicação de Paulo Roriz para a Secretaria da Região Metropolitana. Entre as fileiras governistas, existem sinalizações de tensões pelos comandos das secretarias do Trabalho, de Governo e de Educação.
A primeira seria alvo de atenções petistas. No caso de uma eventual mudança, seria oferecido outro espaço para o atual partido da pasta, o PR.
A Secretaria de Governo é cobiçada por diferentes forças com os pés na Câmara Legislativa. A pasta possui um expressivo potencial de projeção para 2014 e deputados distritais estão de olho em toda estrutura do órgão.
Dentro do cenário político do Distrito Federal, a pasta da Educação continua a ser considerada como um reduto instável.
As administrações regionais também estão sob forte pressão. Quatro exemplos são vistos na Estrutural, Guará, Riacho Fundo e Sudoeste. “Mudanças podem ocorrer em administrações e secretarias que não estão correspondendo. É preciso entender que o governo não é apenas técnico. É uma mistura de técnica e política. E passou do tempo para algumas mudanças”, ponderou um personagem governista que pediu anonimato.
Outra figura da cena política regional reforçou a informação. “Há duas semanas se fala de trocas em administrações regionais e secretarias. E é fato que algumas não estão rendendo o esperado”, comentou.
Enfraquecer a oposição
Do ponto de vista político, as substituições serão ferramentas para desnutrir as forças da oposição. Um exemplo é a indicação de Paulo Roriz, após ele ter abandonado o DEM e migrado para o PEN.
Certas alas governistas também consideram que existem grandes possibilidades de que o deputado distrital Raad Massouh (PPL) possa vir a perder o mandato. O suplente de Raad é justamente Paulo Roriz.
Com a indicação, o governo garante o voto de Roriz na Câmara Legislativa e tira a chance de o DEM conseguir um nome no Legislativo. Roriz também é visto como um potencial candidato para 2014. Nas eleições passadas ele conseguiu 17 mil votos, mesmo ficando na suplência. “Ele nunca foi próximo do tio, o ex-governador Joaquim Roriz. Nunca tiveram relação muito boa”, argumentou um governista. Prova disso foi a troca de partido. “Paulo Roriz deixou o DEM, que faz uma oposição visceral ao governo. E ele nunca esteve confortável com essa posição”, comentou o secretário Roberto Wagner.
Paz e amor
“Agnelo está seguindo o PT light. É a mesma linha do Lula paz e amor”, comentou o secretário. Segundo Wagner, a indicação de Paulo Roriz é um indício desta tendência.
Ponto de vista
O diretor do Instituto de Pesquisas Políticas O&P, Fernando Jorge, observou que o governo está buscando diversificar sua base eleitoral para 2014. “O que vejo de relevante é que existe uma tendência de haver diferentes candidaturas de esquerda. Fala-se dos senadores Rodrigo Rollemberg (PSB), Cristovam Buarque (PDT) e do deputado Reguffe (PDT). Se essa fragmentação de esquerda se confirmar, me parece que o governo está calculando que quem tiver uma parcela de centro direita poderá se sair melhor”, analisou. Mas estender o braço para a direita pode ter um preço. “Qual é o risco? Na base do PT, alguns segmentos podem ficar descontentes com estas novas alianças. Aí vai ser trocar seis por meia dúzia ou até pior”, concluiu o analista. De fato, existem frentes petistas que estão descontentes com a atual aliança governista, justamente, pela presença de forças de centro e direita presentes na administração pública brasiliense.
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br
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