Fábio Magalhães
Conseguir atendimento ou liberação de procedimentos médicos por meio dos planos de saúde nem sempre é uma tarefa fácil. Devido aos constantes entraves que surgem ao acionar os convênios, o número de reclamações do Distrito Federal na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), sobre este serviço, disparou: aumentou 63,4% em 2012, em comparação a 2011. Já no Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-DF), as queixas sobre a má prestação de serviço em 2012 chegaram a 1.329, sendo que 396 viraram reclamações. Ao todo, somente neste órgão, foram em média cinco atendimentos por dia.
A edição de ontem do Jornal de Brasília mostrou a insatisfação dos pacientes. Conforme levantamento da ANS, 2011 foi encerrado com 2.069 mil reclamações feitas por beneficiários de planos de saúde. Em 2012, com a popularização deste serviço, este índice saltou para 3.381, sendo que a maior parte, 2.045 – quase todo o valor obtido no ano anterior –, foi registrada no segundo semestre. Em âmbito nacional, o aumento de reclamações sobre a saúde complementar cresceu 43,4%, passando de 54.178 mil em 2011, para 77.712 mil.
Autorização
Dona de casa, Elizete Oliveira, 62 anos, já teve inúmeros problemas com planos de saúde. Beneficiária de uma operadora há mais de dez anos, ela, que tem hipertensão, enfrentou a recusa de atendimento por parte do hospital devido à falta de autorização do procedimento. “É humilhante chegar doente no hospital, procurar atendimento, ser informado na frente das pessoas de que não vão te atender e voltar para casa sentindo dores. Todo mês são, são descontados mais de R$ 300 e quando precisamos, é este o atendimento que recebemos”, desabafa.
Segundo a dona de casa, naquela ocasião, ela precisou se deslocar de Ceilândia, onde mora, ao Setor Hospitalar Sul, para tentar se consultar. Isso porque a operadora havia descredenciado os médicos que atendem mais perto de sua casa.
“O plano de saúde, em momento algum, avisa isso para o cliente. Como cidadã que paga as contas em dia, acho isso um desrespeito e acredito que devemos ser tratados com mais dignidade”, reivindica.
Elizete fez um procedimento cardiovascular e reclama da dificuldade de marcar consultas.“Uma consulta demora cerca de 45 dias. Isso, se tiver sorte”, diz.
Aflição nas emergências
Além dos problemas para conseguir agendamento de consultas ambulatoriais, outro grande problema encontra-se quando o paciente mais precisa de atendimento, nas emergências dos hospitais. Nem todos os que procuram as unidades de saúde particulares são atendidos. O grande motivo é a falta de liberação de procedimentos, mesmo estando com todas as mensalidades em dia.
Moradora da cidade de Formosa, em Goiás, a dona de casa Fabiana Pereira, 35 anos, percorreu mais de 75 quilômetros até chegar a um hospital da Asa Sul em busca de atendimento emergencial. Em crise hipertensiva e quase em estado de desmaio, foi informada por atendentes de uma unidade de saúde particular de que não poderia ser atendida por falta de liberação do plano de saúde para a realização do procedimento.
Tentativas
“Saí de Formosa para Brasília me sentindo muito mal e não fui atendida, embora o hospital que procurei fosse credenciado. Eu, passando mal, juntamente com a minha sobrinha e a atendente do hospital, fizemos mais de 20 ligações para a central de atendimento do meu plano de saúde, mas ninguém conseguiu liberar o atendimento. Como já estava doente, fiquei mais nervosa ainda naquele momento”, lembra Fabiana, acrescentando que teve que pernoitar na casa de um parente aqui no DF para ser atendida, no mesmo hospital, no dia seguinte.
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Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br
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