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» »Unlabelled » Greve de PMs chega ao 9º dia e clima volta a ficar tenso na BA

Sem acordo entre o governo e os policiais militares grevistas da Bahia, o clima voltou a ficar tenso nesta quarta-feira, 9º dia do movimento. Depois de uma madrugada tranquila, houve um desentendimento entre os manifestantes que estão do lado de fora da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) e as tropas do Exército que cercam o prédio. Os grevistas não gostaram da ação dos homens das forças de segurança, que mudaram a posição das cercas que estão ao redor do prédio.
A todo momento, mais viaturas com policiais militares em serviço chegam para reforçar a segurança no Centro Administrativo da Bahia (CAB), o que cria animosidade com PMs grevistas e familiares que estão no local. Na madrugada desta quarta, a energia do Parlamento foi cortada até as 0h30. No mesmo horário, houve um buzinaço na avenida Paralela. Não há confirmação da participação de PMs no protesto.
Homens do Exército cercam o prédio da Assembleia Legislativa, onde PMs grevistas estão acampados desde o primeiro dia da paralisação - Foto: Elói Corrêa / Governo da Bahia
Homens do Exército cercam o prédio da Assembleia Legislativa, onde PMs grevistas estão acampados desde o primeiro dia da paralisação - Foto: Elói Corrêa / Governo da Bahia
Na manhã de hoje, o governador Jaques Wagner voltou a reforçar a proposta apresentada aos grevistas em entrevista a uma emissora de televisão. A oferta é de reajuste de 6,5% retroativo a janeiro e de pagamento partilhado da Gratificação de Atividade Policial (GAP) 4 e 5 entre 2012 e 2015, com a primeira parcela em novembro deste ano. “Fizemos um esforço muito grande para garantir a GAP 4 a partir de novembro. Essa despesa (GAP 4 e 5) representa mais de R$ 170 milhões, é parte significativa do orçamento. Agora eu só posso esperar que cada policial entenda que o Estado tem um limite e não frustre a população da maior festa popular do mundo (o carnaval)”, disse Wagner.
O presidente da Associação dos Policiais, Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco, que lidera o movimento, disse, também em entrevista a uma emissora de televisão, que “os 6,5% é um aumento linear para todo servidor público, então o soldo (salário dos militares) fica abaixo do mínimo”. Prisco reforçou que os grevistas só entram em acordo com o governo se for revogada a prisão dos PMs baianos. A Justiça emitiu 12 mandados de prisão, sendo que dois grevistas já foram detidos. “Essa é uma questão que os policiais não querem nem sequer pensar em discutir. Quem pediu a prisão foi o governo, foi um ato político. Então, a Procuradoria do Estado pode pedir a revogação das prisões”.
Nesta madrugada, mais um PM deixou o acampamento, totalizando oito desistências entre os manifestantes. Esse número não inclui as crianças que saíram do prédio da AL após determinação do Ministério Público. Na saída, por volta de 2h50, o policial militar baiano, que tinha uma pistola na cintura, foi identificado pelos militares do Exército e teve a mochila revistada. A ação foi realizada com a supervisão de agentes da Polícia Federal. O PM não quis falar com imprensa e seguiu correndo para o próprio carro.
Ainda na madrugada de hoje, duas novas grandes tendas foram erguidas por homens do Exército nos canteiros central e lateral que ficam em frente à AL. Em uma delas foi montado uma espécie de gabinete, com cadeiras, mesa e quadro com mapa. A outra tenda será destinada para abrigar todo o lixo produzido no entorno.
A greve
A greve dos policiais militares da Bahia teve início na noite de 31 de janeiro. Cerca de 10 mil PMs, de um contingente de 32 mil homens, aderiram ao movimento. A paralisação provocou uma onda de violência em Salvador e região metropolitana. O número de homicídios dobrou em comparação ao mesmo período do ano passado. A ausência de policiamento nas ruas também motivou saques e arrombamentos. Centenas de carros foram roubados e dezenas de lojas destruídas.
Em todo o Estado, eventos e shows foram cancelados. A volta às aulas de estudantes de escolas públicas e particulares, que estava marcada para 6 de fevereiro, foi prejudicada. Apenas os alunos da rede pública estadual iniciaram o ano letivo.
Para reforçar a segurança, a Bahia solicitou o apoio do governo federal. Cerca de três mil homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança foram enviados a Salvador. As tropas ocupam bairros da capital e monitoram portos e aeroportos.
Dois dias após a paralisação, a Justiça baiana concedeu uma liminar decretando a ilegalidade da greve e determinando que a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) suspenda o movimento. Doze mandados de prisão contra líderes grevistas foram expedidos.
A categoria reivindica a criação de um plano de carreira, pagamento da Unidade Real de Valor (URV), adicionais de periculosidade e insalubridade, gratificação de atividade policial incorporada ao soldo, anistia, revisão do valor do auxílio-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros pontos. (Terra)

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