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(Deputado federal e líder do PRB na Câmara)
Publicado por Redação PRB


O perfil conciliador do deputado federal Antônio Bulhões (PRB-SP) não evita que, várias vezes, suas posições firmes sobre diversos assuntos impressionem seus interlocutores. Sem meios termos, ele vai direto ao ponto para evitar polêmicas. Ele sabe dos desafios de liderar uma bancada em um ano eleitoral (portanto, com calendário mais apertado). Sabe que o partido pode passar por momentos de tensão e distensão com o governo e recomenda cautela e atenção com a base “que é aliada, mas não alienada”. Muitos evitariam a polêmica, mas Bulhões, se não a busca, pelo menos a enfrenta, com o espírito desarmado, mas com o pensamento municiado pela experiência e pela convicção de fazer o que é certo, representando quem o colocou onde está: o povo. Por isso, não teme cobrar e ser cobrado. Com argumentos e sem falsa modéstia, resume seu status atual como o de mais um líder, entre os vários que existem na bancada republicana.


1) Quais as suas expectativas para 2012 após assumir, recentemente, a liderança do PRB na Câmara?

Antônio Bulhões – Em 2011, o PRB figurou entre os partidos da base, como o que foi mais fiel ao governo. Mas isso não se deu devido a uma situação cega ou burra por parte do partido, até porque nós somos aliados, mas não alienados ao cenário político e social. Vislumbrando o futuro, eu acredito que com o advento de votações importantes, como a PEC 300 e a Emenda 29, o partido talvez não vá “ranquear” ou figurar nessa relação de partidos da base como o primeiro em fidelidade. Vai depender muito também do posicionamento dos demais partidos. Acredito ainda que estar à frente da liderança do PRB nesse primeiro semestre de 2012 vai ser um grande desafio por conta do cenário político, que forçará uma intensificação dos trabalhos parlamentares no primeiro semestre com uma normal distensão no segundo semestre por conta das eleições municipais, que tem impacto na rotina do Congresso. Então, nesse primeiro semestre, surge, a meu ver, o desafio de conciliar nossos princípios, como o de atender a demanda popular, com o que o governo pensa e quer. Mas, em resumo, se tivermos que tomar posições contrárias ao que o governo quer, por conta do que acreditamos e representamos para a população, vamos fazer sem pestanejar.


2) O partido foi muito fiel ao governo. Mas, quer seja visto pelo potencial de seus integrantes e pela importância da bancada, essa fidelidade não teve a mesma atenção do governo? Isso pode mudar?

Antônio Bulhões – É natural que o partido espere uma contrapartida do governo. Seja por meio de um espaço na administração, seja por um maior empenho e agilidade e atenção às nossas propostas de emendas ao Orçamento. Essa atenção não proporcional do governo tem sido uma reclamação contundente por parte de nossos deputados. Mas, apesar das críticas, não temos pautado nossas votações e posicionamentos na Câmara por esses interesses, que considero mais do que legítimos. Nós temos nos guiado pelo clamor da sociedade. O partido possui uma empatia muito grande com a população. Como não somos um partido adepto do “caciquismo”, nós permitimos que cada deputado veja cada projeto, cada emenda, cada medida provisória, com os olhos da população antes de tomar seu posicionamento. Devo lembrar que mesmo a oposição atual tem feito um excelente papel a meu ver. Os partidos de oposição não têm sido uma oposição burra ou sistemática, como também não temos sido uma situação cega. Observe que, às vezes, a oposição pode agir de maneira contrária ao governo só por ser oposição. Isso não foi visto em 2011. Então, acho que o caminho do PRB é ficar como um “híbrido”.  Sempre atentos ao interesse do cidadão. Se esse interesse nos aproximar eventualmente da oposição, que seja. Se ele nos mantiver no caminho do governo, assim o será sempre, no entanto, intercedendo junto à Casa Civil para que os interesses de nossos parlamentares sejam levados em consideração. E é vital, para a vida parlamentar, que haja uma correspondência por parte do governo. Nossos deputados não representam os interesses próprios, mas os da população que os elegeu. E essa população também deve ser ouvida pelo governo, por intermédio de seu deputado.


3) Até que ponto uma campanha, como a que se aproxima, contamina os trabalhos legislativos?

Antônio Bulhões – Cada deputado, na verdade, tem um pacto, ainda que fictício, com a base, com a Câmara Municipal de várias cidades que compõem o seu estado. Isso é uma via de mão dupla. Assim como nós, de quatro em quatro anos, esperamos empenho e dedicação de nossos vereadores em nossa campanha, porque eles estão mais perto do cidadão e têm um acesso privilegiado à população, nós possuímos a contrapartida de estarmos nos palanques dos prefeitos e acompanharmos nossos candidatos a vereadores. Isso é uma coisa imperativa. Não existe a opção: “abrir mão da minha assiduidade na Câmara Federal pela campanha municipal ou não”. Eu tenho que fazer, até porque vamos ajudar a eleger bons vereadores, para que esse resultado repercuta em nosso trabalho político na Câmara, com impacto positivo para a população.


4) Nessa campanha há um impacto também com relação ao tamanho da bancada, afinal, serão a princípio três deputados: Heleno Silva (SE) Márcio Marinho (BA) e George Hilton (MG) que estão pré-candidatos. Como superar essa perda no Congresso?

Antônio Bulhões – Olhando rapidamente, o partido ainda não conseguiu assimilar o efeito que as eleições municipais podem provocar na bancada. Afinal, observe que estamos falando de três lideranças que fariam falta em qualquer sigla, independente do tamanho dela. São três parlamentares atuantes, com experiências de relevantes conteúdos políticos. Qualquer partido e qualquer líder gostariam de estar ladeados por eles. Mas, olhando para o futuro com mais atenção, o fato é que se nós perdemos no cenário federal, o partido passa a ter mais respaldo no cenário municipal, reforçando suas bases. E isso vai servir como uma alavanca para o futuro, até porque ainda precisamos de experiências no Executivo, em todas as esferas. Acredito que, se em função de adentrarmos com mais densidade no Executivo, perdermos alguns quadros extremamente qualificados no Legislativo, haverá uma compensação com reflexos, inclusive, na sustentação na base do partido e com ganhos também para a população, que é e deve ser vista sempre como prioridade.


5 - Com esse quadro, qual seria em sua opinião, o principal desafio desse seu exercício como líder na Câmara?

Antônio Bulhões – O principal desafio é que eu serei líder de vários líderes. Porque nossa bancada, apesar de ser pequena, é composta por cabeças pensantes, parlamentares de opiniões fortes e muito sedimentadas. Então, eu acredito que conciliar essas cabeças e metas será o grande desafio. Principalmente no que diz respeito a posicionamentos com relação a projetos de impacto e que trazem pontos polêmicos, como a PEC 300, por exemplo. Então, eu, como líder, quando tiver que encaminhar uma votação, vou buscar sempre o consenso em nossa bancada. Quando eu não conseguir, ela estará liberada para votar de acordo com a consciência e com os interesses que representam cada parlamentar na Câmara. Esse é o grande desafio de coordenar uma bancada tão qualificada como é a do PRB. No que diz respeito ao governo federal, estou tentando vislumbrar o futuro, descortinar as tendências e imaginar que o governo vai ter que me ajudar a ajudá-lo. O governo tem que tocar a música para nós sabermos se queremos dançar ou não no mesmo ritmo. Porque, se não houver uma sintonia do governo, no que diz respeito aos anseios da população, se o governo desafinar ou errar o tom no respeito à nossa bancada, teremos que tomar atitudes drásticas. Eu espero que isso fique só na expectativa. Diria, para manter a metáfora musical, que o ano que passou foi de um ensaio. Espero que esse ano, o governo saiba tocar com toda a orquestra.


6) O fato de São Paulo ter hoje uma pré-candidatura, com amplas possibilidades de vitória no maior colégio eleitoral do País e de ter um representante como líder na bancada significa uma maior atenção ao partido no estado?

Antônio Bulhões – Não vejo assim. Olhando para a história recente do PRB, nós tivemos uma excelente liderança do Vitor Paulo (RJ), um líder nato, que foi presidente nacional do partido. Então, ele próprio, em uma postura abnegada, optou e defendeu o revezamento na liderança, até em reconhecimento pela quantidade de líderes natos que o partido tem na Casa. É claro que o estado ganha em repercussão com isso, até porque apenas Bahia e São Paulo têm dois deputados eleitos nessa legislatura pelo partido. Mas acho que isso vai fortalecer mais o partido do que o estado. Seja pelo fato de que nossa sede está em São Paulo, com uma concentração de contatos e discussões sobre o futuro partidário, e até pela proximidade que tenho com o presidente Marcos Pereira, uma relação que já vinha da amizade antiga e ganha o reforço político dessa conjuntura. Claro que, como deputado, tenho preocupações com minha base, que é o Estado de São Paulo, mas, como líder, vou priorizar minha atuação diante da responsabilidade da função. Falo pela bancada e pelos interesses de todos os republicanos do Brasil. Então, do ponto de vista político, isso não significará uma atuação com sotaque paulistano. Mas, do ponto de visto prático, esse suposto momento paulista vai trazer benefícios para todo o partido, já que São Paulo é uma metrópole brasileira com o maior colégio eleitoral do País.


7) Quais foram os destaques da atuação parlamentar do PRB em 2011?

Antônio Bulhões – Eu poderia resumir não só o ano que se passou, mas todos os cinco que estou na Câmara, com algo que para mim foi inédito, e pelo que sei, em toda a história do Congresso Nacional, que foi a aprovação do projeto que beneficia os portadores de necessidades especiais, por unanimidade. Nunca, em toda a história do Legislativo Federal, houve uma aprovação unânime de tal monta. Isso mostra que o PRB está em sintonia com as demais lideranças, com a Câmara, com o Brasil. E essa sintonia é um ponto forte do PRB.



8) O que é ser 10?

Antônio Bulhões – É ser alguém que deve estar preparado para ser cobrado no nível da excelência. E é buscar sempre essa excelência.

Por Paulo Gusmão

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