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TURISMO »  
US$ 7,5 bi para o Tio Sam Gastos de brasileiros nos EUA chegarão a um valor inédito neste ano. Um emprego é criado a cada 83 vistos concedidos no país, o que justifica as facilidades anunciadas por Obama


» VICTOR MARTINS


Walt Disney World, em Orlando, é um dos destinos preferidos: viagens crescerão 274% até 2016 (Sinval Neto/CB/D.A Press - 25/4/07)
Walt Disney World, em Orlando, é um dos destinos preferidos: viagens crescerão 274% até 2016

O governo norte-americano tem na ponta do lápis a justificativa para facilitar a concessão de vistos a brasileiros. Só neste ano, os Estados Unidos devem embolsar mais de US$ 7,5 bilhões em gastos de turistas oriundos do Brasil, um valor inédito. Um total de 1,6 milhão de consumidores daqui vão desembarcar na terra do Tio Sam ávidos por passeios e bens de consumo, sobretudo eletrônicos. Ao lado dos chineses, eles estão entre os prediletos do presidente Barack Obama, principalmente depois de cálculos da embaixada do país mostrarem que, para cada 83 vistos emitidos no Brasil, ao menos um emprego é gerado na Flórida, um dos destinos preferidos nos EUA.

Com a maior facilidade para obter e renovar vistos, a Casa Branca estima que o volume de turistas brasileiros no país cresça 274% até 2016. Outros países, como China e Índia, receberão benefícios semelhantes e devem enviar, respectivamente, 135% e 50% a mais do que o registrado em 2010. As medidas vão acelerar em 40% o processamento dos vistos e reduzir o tempo médio de espera pela entrevista de três meses para 10 dias. Quando fez o anúncio na Walt Disney World, em Orlando, Obama deixou claro o objetivo: aumentar empregos e o ritmo de recuperação da atividade. “Quero que os Estados Unidos sejam o maior destino turístico do mundo”, disse na ocasião. Hoje, o posto é da França.

“É muito simbólico fazer o anúncio na Disney. Foi uma grande jogada de marketing”, observou Olavo Henrique Furtado, coordenador do MBA da Trevisan Escola de Negócios. Segundo ele, nunca houve tantos turistas brasileiros nos Estados Unidos. O aumento da renda no país e a ascensão de milhões à classe média tornam o Brasil extremamente interessante. “É uma questão de crise e de desemprego. Obama não vai abrir postos de trabalho para estrangeiros. Ele quer apenas os turistas.”

Receitas
Empresários do setor de turismo celebraram a notícia. “É um momento importantíssimo para o Brasil. Somos hoje fonte de receita expressiva para os EUA. Em média, cada brasileiro desembolsa US$ 5 mil por viagem”, ponderou Marco Ferraz, presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo. Para o governo norte-americano, o turismo foi uma das saídas para tentar fazer os EUA saírem da recessão e superar a previsão de crescer apenas 1,8% em 2012. O segmento representa 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas geradas) e dá emprego para 7,5 milhões de pessoas.

A força do consumo brasileiro fica evidente quando se observa a economia da Flórida. No auge da crise financeira, em 2008, milhares de apartamentos foram tomados pelos bancos. Investidores do Brasil compraram muitos desses imóveis e alcançaram o segundo lugar no ranking de estrangeiros proprietários no estado. Com 8% do mercado, o país está atrás apenas do Canadá, responsável por 39% das compras.

Na lista dos países que mais instalaram empresas na Flórida, o Brasil está em 12º lugar, com 41 empresas, mil empregos e investimentos de US$ 400 milhões. Quase metade dos voos saídos do território nacional para o exterior tem como destino Miami, uma das cidades mais importantes do estado, que abriga a maior comunidade brasileira fora (mais de 80 mil pessoas).

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