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» » » Presidente se reuniu com ministro e cobrou esclarecimentos convincentes

Entre 2000 e 2005, pedetista ocupou funções públicas em Brasília e no Rio, acúmulo vedado para Constituição

A presidente Dilma Rousseff disse ontem ao ministro Carlos Lupi (Trabalho) que a única chance de ele permanecer no cargo até a reforma ministerial e fornecer explicações "convincentes" sobre o fato de ter ocupado, simultaneamente, dois cargos públicos por quase cinco anos.
 
O acúmulo ilegal, na Câmara dos Deputados cm Brasília e na Câmara Municipal do Rio, foi revelado pela Folha ontem e resgatou no governo a disposição de vê-lo fora da Esplanada.
 
Lupi se reuniu ontem com Dilma no Planalto para falar sobre a recomendação da Comissão de Ética de exonerá-lo, decisão que irritou a presidente. Antes da reunião, ele disse a assessores em tom de brincadeira: "Estou pronto para voltar para casa".
 
Lupi saiu da conversa ainda ministro, mas com a determinação de se defender não sò da questão do duplo emprego, mas também da recomendação da Comissão.
 
No governo, espera-se uma definição até o início da próxima semana. Dilma retoma de uma viagem à Venezuela no domingo, quando voltará a tratar do assunto.
 
"O ministro esteve aqui e disse que vai oficiar ã Comissão de Ética pedindo os elementos da decisão, acho que inclusive a ata, para recorrer", afirmou Helena Chagas (Comunicação Social).
 
Procurado, o ministro não se manifestou ontem. Sua assessoria não informou quando ele entregará suas justificativas para o Planalto.
 
Interlocutores de Dilma avaliavam que a revelação sobre o duplo emprego era mais problemática que a recomendação da Comissão. Na Câmara dos Deputados, a reportagem levou à abertura de uma sindicância para apurar o acúmulo de funções.
 
Na pior das hipóteses, o procedimento resultará na devolução do dinheiro recebido por ele no período. Mas, politicamente, é uma demonstração da perda de apoio do pedetista.
 
Além de opositores do governo, que pediram ao Ministério Público para abrir uma ação civil pública e uma ação penal contra o ministro, pedetistas disseram que a situação de Lupi piorou com a revelação do duplo emprego.
 
CRIME
Questionado, o procura- dor-geral da República, Roberto Gurgel, disse que "em tese" o ministro Lupi cometeu crime ao ter sido funcionário-fantasma da Câmara entre 2000 e 2006, fato revelado pela Folha. Ele disse que a acumulação de cargos pode até configurar "irregularidade administrativa" e "improbidade", mas não é tão relevante para a área criminal.
 


Fonte: Jornal Folha de São Paulo

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