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» » Crise motivou saída de ministro e abala administração do PT na capital Federal


Ex-titular da pasta hoje governador do DF, Agnelo Queiroz tem secretário vinculado a ONG sob suspeição
 
 
O escândalo que derrubou o ex-ministro do Esporte Orlando Silva (PC do B) envolve alguns dos principais assessores do governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz.
 
Três de seus secretários apresentam ligações com entidades ou pessoas investigadas por desvio de recursos de programas da pasta.
 
Com a saída de Orlando do Ministério, a crise se concentra agora na capital federal.
 
Agnelo (2003 a 2006) e Orlando (2006 a 2011) dividiram a titularidade do Esporte nos últimos anos, dentro da cota do PC do B.
 
O hoje governador do DF, que depois ingressou no PT, é investigado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) sob a suspeita de que em sua gestão tenha se iniciado desvio de verbas de convênios do programa Segundo Tempo, um dos principais da pasta.
 
Após deixar o ministério, Agnelo se elegeu governador em 2010, já no PT.
 
O seu atual secretário de Governo, Paulo Tadeu, é ligado à Cata-Ventos, que teve convênio de RS 240 mil reprovado pelo próprio ministério. A entidade foi fundada pelo irmão do secretário, José Rosa Vale da Silva.
 
Segundo a pasta, a Cata-Ventos apresentou várias inconsistências na comprovação da aplicação dos recursos. O ministério já pediu a devolução do dinheiro.
 
A Folha apurou que pelo menos três pessoas que trabalhavam na organização agora têm cargos comissionados no governo, inclusive no gabinete do secretário.
 
Já o secretário de Saúde de Agnelo, Rafael Barbosa, deu parecer favorável a uma das ONGs do policial militar João Dias Ferreira, autor das acusações que derrubaram Orlando e que também é investigado como suposto participante do esquema.
 
O secretário assinou, em 2006, o despacho considerando que o primeiro convênio com o policial não deveria ser renovado por conta de irregularidades. Mesmo assim, Barbosa assinou, seis meses depois, o segundo convênio com a entidade.
 
Além da medida tomada pelo secretário, o governo de Agnelo apresenta outras ligações com o policial militar.
 
O professor Ronaldo Carvalho Oliveira, vice-presidente de uma das ONGs de João Dias, ganhou um cargo comissionado na Companhia de Planejamento.
 
A assessoria de Agnelo afirma que Oliveira não chegou a tomar posse e que sua nomeação foi anulada. Mas não há registro da anulação no "Diário Oficial" do DF.
 
Já a mulher do policial, Ana Paula, usa uma picape que está no nome do subsecretário de Programas Comunitários do GDF, Cirlândio Martins do Santos. À Folha, Santos afirmou que apenas comprou o veiculo para a mulher de João Dias, pois ela estava com problemas para adquiri-lo na ocasião.
 
Agnelo também aparece mantendo diálogos amistosos com o policial João Dias, em grampos feitos durante as investigações.
 
Devido às suspeitas, o DEM prometeu entrar com um pedido de impeachment contra o governador na próxima semana. Em discurso ontem, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) cobrou coerência do PT, que em 2009 exigiu a saída do então governador José Roberto Arruda, acusado de ser o pivô de esquema de desvio de recursos do DF.
 
A atual crise também arranhou a relação regional do PT com o aliado PMDB, que não foi consultado por Agnelo na decisão de trocar a cúpula da Polícia Civil.
 
Fonte: Jornal Folha de São Paulo

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