AGNELO DIZ TER 'RELAÇÃO MUITO BOA' COM PM QUE ACUSOU ORLANDO SILVA 'SENHORES, ELES ERAM AMIGOS SIM...!!!'
Governador do DF diz ser 'estúpida' ligação de seu nome com fraude. João Dias fez acusação que levou à saída de Silva do Ministério do Esporte
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), afirmou nesta terça-feira (1º), em entrevista à Rádio CBN, ter uma "relação muito boa" com o policial militar João Dias, autor das denúncias de suposto esquema de corrupção que levaram à saída de Orlando Silva do Ministério do Esporte.
"Ele [João Dias] foi do meu partido, quando eu era do PC do B. Sempre tive relação muito boa com ele. Mas não quero confundir minha relação pessoal com qualquer erro que alguém cometa no futuro. Se alguém cometeu um erro, que preste contas. Uma relação de amizade não pode ser responsabilizada por um erro futuro. Isso é maldoso, uma violência", disse o governador durante entrevista.
João Dias foi candidato a deputado distrital em 2006 pelo PC do B. Preso em abril do ano passado, durante as investigações da Operação Shaolin, da Polícia Civil do Distrito Federal, Dias é suspeito de desviar, por meio de entidades esportivas que comandava, ao menos R$ 2 milhões do programa Segundo Tempo, que visa incentivar a prática de esporte entre crianças e adolescentes.
De acordo com reportagem da revista "Época", a Polícia Civil do DF flagrou diversos telefonemas entre Agnelo e João Dias durante investigação relacionada ao programa Segundo Tempo. Nos diálogos, segundo a publicação, os dois tratam nas conversas da produção de documentos que justificassem os gastos de organizações não governamentais (ONGs) administradas pelo policial e que receberam verba do programa.
João Dias Ferreira |
"Um político da cidade se relaciona com centenas de pessoas. Não tem nehuma frase que me desabone, que peça para fazer ilegalidade, que possa me comprometer em absolutamente nada. Independente de onde pegaram [as gravações], não tem e nunca terá, da minha fala, interlocução com ninguém que possa ser algo indecente, imoral ou ilegal", disse Agnelo Queiroz.
A revista "IstoÉ" mostrou ainda trechos de um depoimento em vídeo de Geraldo Nascimento de Andrade, apontado como "testemunha-chave" do processo que tramita na 10ª Vara Criminal da Justiça Federal, em Brasília, sobre desvio de recursos do ministério por meio de convênios com ONGs.
Agnelo negou envolvimento nas irregularidades investigadas e disse que não é réu no processo. Ele afirmou ainda ser "estúpida" a ligação de seu nome com suposta fraude.
"Essa denúncia é fruto do relato de uma pessoa chamada Geraldo. Isso foi antes da eleição, em 2010, uma ação para invabializar minha eleição. [A denúncia] foi para o plano federal, o Ministério Público fez apuração. Este inquérito está no STJ agora, fruto de uma denúncia falsa. Na Justiça tenho espaço para desmascarar quem fez essas denúncias e mostrar que isso é falso."
Câmara
O governador do Distrito Federal disse ainda que vai comparecer à Câmara dos Deputados caso seja convidado a explicar as denúncias. O deputado Fernando Francischini (PSDB-SP) protocolou na segunda-feira (31) um requerimento na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara solicitando a presença do governador. O requerimento deve ir à votação na próxima sessão da comissão.
" Vou a qualquer lugar, desde que haja interesse de fazer apuração limpa e justa, não vou fazer parte de jogo político" , afirmou.
Sobre a informação de que João Dias foi recebido por Orlando Silva no Ministério do Esporte a pedido de Agnelo Queiroz, o governador do DF disse que não se lembrava da solicitação. Em depoimento no Congresso antes de deixar o cargo, Silva afirmou que quando era secretário-executivo da pasta teve um encontro com João Dias a pedido do então ministro Agnelo Queiroz.
"Não me lembro disso, mas não tem problema nenhum. Existe uma área específica [no ministério] que cuida especificamente desse tipo de convênio. É absolutamente normal que uma pessoa que quer fazer convênio seja recebida" , justificou Queiroz.
Histórico da crise
A saída de Orlando Silva foi o resultado de quase duas semanas de desgaste político depois da divulgação da denúncia de que o ministro teria participação em um esquema de desvio de dinheiro público do Segundo Tempo, um programa do governo federal destinado a promover o esporte em comunidades carentes.
O próprio ministro fez o anúncio, em uma entrevista coletiva depois do encontro com a presidente DIlma Rousseff.
"Examinamos essa crise criada nos últimos dias, os ataques que sofri. Eu reafirmei para a presidenta que não há, não houve nem haverá quaisquer provas que me incriminem, diferentemente do que foi publicado em uma revista semanal. Fato nenhum houve que possa comprometer a minha honra, fato nenhum houve que possa comprometer a minha conduta ética" , declarou.
Fonte: G1 - Distrito Federal
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