Polícia inglesa diz a dono de café: Pare de mostrar DVDs da Bíblia, ou vamos ter que prendê-lo
Ross Slater e Jonathan Petre
A polícia ameaçou o dono cristão de um café com prisão, pela exibição de trechos da Bíblia em uma tela de TV.
Jamie Murray foi avisado por dois policiais para parar de tocar DVDs do Novo Testamento em seu café após uma queixa de um cliente de que ele estava incitando o ódio contra os homossexuais.
Murray, de 31 anos, ficou chocado depois de ser interrogado por quase uma hora pelos agentes policiais, que chegaram sem aviso prévio ao seu local de trabalho.
Ele disse que tinha desligado o DVD da Bíblia depois de uma “inquisição agressiva” durante a qual ele achou que ia ser preso e “arrastado para fora do café como um criminoso”.
Mas ele acrescentou: “Eu já verifiquei meus direitos e eu não vou ser intimidado pela polícia e pelo lobby da polícia comunitária para parar de exibir a Bíblia silenciosamente no meu café. É uma loucura. Os cristãos têm de lutar por aquilo em que acreditam”
O café Sal e Luz em Blackpool há anos mostrou repetidamente todas as 26 horas de duração da Bíblia, um conjunto de 15 DVDs produzido nos EUA no qual um narrador lê todo o Novo Testamento, em uma TV de tela plana pequena na parede de trás do café.
O som está baixo, mas as palavras aparecem na tela com uma série de imagens.
O café, que foi inaugurado há oito anos, também se orgulha de ser um oásis de calma em uma área de alta criminalidade de Blackpool.
Murray disse que os dois policiais uniformizados da Polícia de Lancashire chegaram na hora do almoço na segunda-feira, no horário mais movimentado do café. June Dorrian, a policial comunitária responsável por aquela vizinhança, disse-lhe que tinha sido feita uma queixa e que ele violara o Ato de Ordem Pública nº 1986.
Murray disse: “Eu disse a eles que tudo o que apareceu na tela foram as palavras do Novo Testamento. Não há nenhum som, apenas as palavras na tela e imagens simples ao fundo de ovelhas pastando ou velas queimando. Eu pensei que poderia haver alguma confusão, mas eles disseram que estavam aqui para explicar a lei para mim e como eu a tinha quebrado.
Eu disse,” Você está realmente me dizendo que eu posso ir pra prisão por mostrar a Bíblia?” E a policial fitou o olhar em mim e disse: “Se você transmitir material que ofenda nos termos da Lei de Ordem Pública, então teremos de tomar medidas mais sérias. Você não pode quebrar a lei.”
Murray, que trabalhou em um abrigo para mendigos por cinco anos antes de assumir o café há três meses, disse ter percebido que a única maneira de apaziguar a polícia era desligar a Bíblia.
“Eu estava preocupado em ser algemado e levado para fora da loja na frente de meus clientes. Não iria parecer bom então eu pensei que era melhor obedecer. Parecia uma traição. Eles saíram da loja e disseram-me que continuariam a acompanhar se estávamos exibindo material de ódio. Em nenhum momento falaram comigo como se eu fosse um cidadão cumpridor da lei tentando ganhar a vida. Eu me senti como um criminoso. “
Murray disse que não tinha sido dada nenhuma indicação de quem se queixou ou quais versículos do Novo Testamento causaram a ofensa, mas ele acha que pode ter sido uma reação ao livro de Romanos, que tinha sido passado na semana anterior. O livro toma a forma de uma carta do apóstolo Paulo ao povo de Roma, em que ele vocifera contra todo tipo de impiedade.
Nos versículos 26-27 do capítulo um, diz: “Pelo que Deus os entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro”
Os versos levam 30 segundos para rodar e a tradução da Bíblia usada é a Versão Inglês Contemporânea (CEV) de 2005, um texto simples em Inglês pela Sociedade Bíblica Americana.
Especialistas da Sociedade Britânica da Bíblia, cujo patrono é a Rainha, o descreveram como um texto muito respeitado que, embora utilizando uma linguagem simples, reflete bastante o significado do original.
O Instituto Cristão, que está apoiando o Sr. Murray, disse que seus advogados tinham dito que ele tem liberdade para mostrar a Bíblia de qualquer maneira que ele escolher, e eles estão preparando uma queixa contra a polícia. O porta-voz do Instituto Mike Judge disse: “Eu não tenho nenhum problema com a polícia investigando uma queixa, mas uma vez que perceberam que eram apenas as palavras da Bíblia que estavam sendo mostradas na tela, então eles deveriam ter ido embora. Eles nem sequer olharam para o DVD considerado ‘ofensivo’. Eles simplesmente disseram a Murray que ele tinha que parar de mostrar a Bíblia e avisaram que iriam continuar a acompanhar o que ele estava fazendo. Isso é intimidatório e completamente inaceitável. É um problema por todo o país de que a polícia está sob pressão política enorme para ser vista respondendo a qualquer coisa homofóbica.”
A polícia de Lancashire disse que havia recebido uma denúncia na tarde de sábado de um cliente do sexo feminino que estava “profundamente ofendida” pelas palavras que ela havia visto na tela.
Um porta-voz disse que eles tinham o “dever” de responder à reclamação e teriam concluído que o café poderia estar violando a Seção 29E da Lei de Ordem Pública, que adverte que as pessoas que mostram imagens ou sons que despertam o ódio contra os homossexuais poderiam ser culpadas de um crime.
No entanto, também diz que as críticas sobre a conduta sexual “não devem ser tomadas em si mesmo como ameaçadoras ou destinadas a incitar o ódio”.
Um porta-voz da polícia disse: “Em nenhum momento o policial pediu ao dono do café para remover quaisquer materiais ou prendeu o homem e fizemos uma abordagem objetiva e de bom senso ao lidar com a queixa. Acreditamos que a nossa resposta e a ação que tomamos foram completamente proporcionais e nossos oficiais estão sempre disponíveis caso o dono do café queira discutir o assunto ou precise de algum conselho no futuro. A polícia é respeitosa quanto a todos os pontos de vista religiosos. No entanto, nós temos a responsabilidade de nos certificarmos de que o material que as comunidades podem achar profundamente ofensivo ou inflamatório não está sendo exibido em público. Nenhuma queixa foi recebida sobre a conduta do funcionário em questão e estamos satisfeitos d e que eles realizavam suas funções de forma profissional”.
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