Metade da população da Estrutural tem ensino fundamental incompleto.
Administradora relacionou falta de escolaridade com marginalidade.
Do G1 DF
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O Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (SCIA), mais conhecido como Cidade Estrutural, tem 52,6% da população com ensino fundamental incompleto e apenas 0,5% com ensino superior completo. A população estimada para 2011 é de 25.732 habitantes. A informação faz parte da 14ª Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), divulgada nesta quinta-feira (28) pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan).
A pesquisa apontou que mais de 2 mil crianças (8,7% da população) de até 6 anos está fora da escola. “O número é preocupante, pois representa três vezes mais alunos fora da escola do que dentro”, afirmou o Diretor de Gestão de Informações da Codeplan, Júlio Miragaya.
A administradora da Estrutural, Maria do Socorro Fagundes, explicou que na região há dois centros de ensino fundamental. “Não há ensino pré-escolar, nem ensino médio. Temos apenas a Educação de Jovens e Adultos (EJA)”, disse.
Ela declarou que a falta de escolaridade dos moradores da região é "preocupante". “Com uma população tão jovem e falta de escolas, a marginalidade aumenta. A maioria dos assaltos é cometida por adolescentes e isso é reflexo da falta de escolaridade”, explicou.
De acordo com a pesquisa, na região Estrutural, 35,2% da população têm entre 0 e 14 anos enquanto no DF o número fica em 25,5%. Na Estrutural, 3,2% da população é idosa, enquanto no DF 7,4% das pessoas têm mais de 65 anos.
A gerente de estudos e pesquisas socioeconômicas da Codeplan, Iraci Peixoto, declarou que a renda domiciliar per capita encontrada na região ainda é considerada muito baixa.
“A renda per capita fica em torno de R$ 352, ou seja, 0,6 salário mínimo. Em 2004, a renda domiciliar média mensal era de 1,9 salário. Hoje, registramos 2,3 salários mínimos”, explicou. Iraci ainda disse que, por causa da baixa renda, 28% das casas da Estrutural recebem Bolsa Família.
Outro item preocupante para a gerente de estudos e pesquisas socioeconômicas da Codeplan é a quantidade de fossas rudimentares e a falta de filtros de águas em casas da Estrutural. “Encontramos 17% dos domicílios com esse tipo de fossa e 20% dos domicílios não têm filtro para água. Isso é grave em questões de saúde”, disse. Iraci ainda explicou que 74% das casas têm até 60 m².
A pesquisa apontou que cerca de 34% da população trabalha na Estrutural, enquanto 22% trabalha no Plano Piloto.No entanto, o número que chamou atenção dos pesquisadores foi o de autônomos, mais de 3.500. A administradora explicou que, apenas no Lixão da Estrutural, são cerca de 2 mil catadores de lixo reciclável sem carteira assinada.
A proporção entre homens e mulheres é bem equilibrada – 49,6% são pessoas do sexo feminino e 50,4% são do sexo masculino. Quase 45% dos domicílios possuem bicicleta. Iraci Peixoto declarou que o número é maior que o encontrado nas demais regiões administrativas onde a pesquisa já foi realizada. No entanto, não há ciclovias na região. “O projeto da ciclovia existe desde a urbanização da Estrutural, mas ainda não foi iniciado”, disse Maria do Socorro.
Iraci disse que 70% da população são pardos e mulatos e declarou que isso mostra que há correlação entre cor e renda. A pesquisa apontou uma relativa igualdade entre evangélicos (45%) e católicos (47%) na Estrutural. “A religião evangélica prevalece em regiões de baixa renda”, explicou Iraci. A administradora disse que há cerca de 150 igrejas evangélicas na região.
Para a administradora, os principais itens que devem melhorar na Estrutural são educação e saúde. “A previsão é inaugurar o primeiro centro de educação até outubro. Já temos outro previsto, que inclusive tem área definida, mas sem data para ser entregue. Temos também um projeto para escola de ensino médio no Parque Urbano e uma área definida para um centro de ensino fundamental, que deve ser construído com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”, explicou.
Maria do Socorro disse que a pesquisa relatou a realidade da Estrutural, o abandono em relação à escola e a falta de expectativa dos moradores mais jovens. “O que nos ajuda é a grande quantidade de organizações sociais na cidade. Com esse trabalho, conseguimos segurar um pouco a marginalidade”, declarou a administradora.
Fonte G1
Renda na Estrutural melhora, mas escolaridade segue baixa, diz GDF
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