Picos de energia atrapalharam a recepção de autoridades, como governadores e ministros do STF
POR RENATO ONOFRE E SILVIA AMORIM
Inauguração templo de Salomão, da Igreja Universão do Reino de Deus: picos de energia atrapalhou a recepção de autoridades - Marcos Alves / Agência O Globo
SÃO PAULO - A inauguração do Templo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), na noite desta quinta-feira, no bairro do Brás, em São Paulo, teve queda de energia elétrica por quatro vezes antes do culto inaugural. Umas das quedas ocorreu bem na hora da chegada da presidente Dilma Rousseff ao local. A petista foi obrigada a subir três andares de escada. O vice-presidente Michel Temer também esteve presente. Segundo a assessoria de imprensa da Universal, 11 governadores confirmaram presença, além de prefeitos, parlamentares, desembargadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello..
As quedas foram rápidas, mas, por precaução, havia no local caminhões com geradores estacionados nos arredores. Temer e alguns governadores chegaram a ficar perdidos dentro do templo no momento de uma das quedas. Seguranças da Universal não tinham lanternas foram obrigados a usar celulares para iluminar o trajeto.
O combate ao uso de drogas foi o tema escolhido para abrir o culto inaugural do templo. O discurso da igreja de que nem que o governo abra em cada esquina uma clínica de recuperação vai resolver o problema gerou constrangimento para os gestores públicos presentes. Ao lado do bispo e fundador da Universal, Edir Macedo, estavam o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito paulistano, Fernando Haddad, que são parceiros num programa de combate ao uso de drogas na Cracolândia, no centro de São Paulo.
Dilma ao lado do bispo Edir Macedo em inauguração de templo - Fernando Donasci / O Globo
Um dos pontos altos da cerimônia, que durou cerca de duas horas, foi a entrada no templo de uma réplica da Arca das Alianças folheada a ouro, um símbolo sagrado para o povo de Israel. Levada por sacerdotes, ela saiu de uma igreja da Universal do Brás e seguiu pela rua até o Templo de Salomão. Um coral vindo da África se apresentou na abertura da cerimônia.
Somente puderam acompanhar a inauguração, do lado de dentro do templo, cerca de 10 mil convidados. A imprensa acompanhou o evento do lado de fora por televisores que transmitiam a cerimônia ao vivo.
De acordo com a direção da Universal, a obra foi bancada exclusivamente com doações de fieis e integrantes da própria igreja, sem necessidade de recorrer a financiamentos bancários. O bispo Edir Macedo, fundador da Universal, quis erguer uma réplica do templo que, segundo a Bíblia, foi construído em Jerusalém, no século XI AC. O Muro das Lamentações, em Israel, é um resquício do segundo templo, erguido no século VI AC.
Cerca de 5 mil de fiéis da igreja ocupavam nesta quinta-feira, antes da cerimônia, o entorno do Templo de Salomão. A construção tem mais de 70 mil metros quadrados e custou R$ 680 milhões.
Obreiros e colaboradores da Universal, vestidos de camiseta branca com a imagem do templo estampada, cercaram o quarteirão onde está a nova sede da instituição e também ocuparam pelo menos três quarteirões ao redor. Para circular na região foi necessário passar por imensos "corredores poloneses" de voluntários. Todas as entradas do Templo de Salomão estavam com seguranças particulares e policiais à paisana.
Dentro do terreno do templo, na entrada principal, obreiros, com gravatas e lenços com logos da Universal, cercavam o tapete vermelho colocado para ligar a nova construção a uma outra sede da igreja localizada a cerca de 300 metros de distância.
Caravanas vieram de países latino-americanos, africanos e dos Estados Unidos à inauguração do Templo de Salomão. De Quito, Equador, um grupo de 20 pessoas chegou ao Brasil nesta quinta feira. Fillipe Ramires há oito anos frequenta a Universal. Ele veio com um grupo de amigos e conseguiu a credencial para acompanhar a primeira cerimônia do novo templo.
— É indescritível estar aqui. Sinto deus em todos os lugares —afirmou o jovem ,que disse ao GLOBO que a viagem foi custeada por eles, mas a Universal arrumou hospedagem na casa de um obreiro
Duas manifestações estavam marcadas para acontecer em frente ao Templo de Salomão, mas não ocorreram. A todo momento, voluntários passavam entre os colaboradores pedindo para que eles não aceitassem nenhum tipo de provocação.
A rotina dos moradores da região também mudou. Desde às 15h, o trânsito na região foi afetado. Alguns comércios anteciparam o expediente e encerraram o dia de trabalho. Quem ficou aberto tentou lucrar com a proximidade com o novo vizinho. Em bares da região, miniaturas do Templo eram vendidas a R$ 40.
— Estamos nos adaptando. Acho que vai mudar muito o comércio na região — afirmou Eugênio Rodrigues, proprietário de um bar vizinho a obra.
Quarta maior denominação evangélica do país, a Universal tem 1,9 milhão de seguidores, segundo o Censo do IBGE de 2010. O PRB, partido da coligação da petista, tem vínculos com a igreja. Erguido em quatro anos, com custo divulgado de R$ 680 milhões, o templo, de 100 mil metros quadrados (o novo Maracanã tem 124 mil metros quadrados) e capacidade para receber 10 mil pessoas, simboliza o poderio econômico da instituição fundada no final da década de 70.
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