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domingo, 19 de maio de 2013

Troca de corpos de bebês no HRB revolta famílias



Johnny Braga

Um erro na liberação dos corpos de dois bebês mortos no Hospital Regional de Brazlândia (HRB) provocou revolta e indignação a duas famílias. Um supervisor de emergência da unidade de saúde teria se enganado e trocado os bebês. A confusão repercurtiu em Brazlândia, deixando no ar a incerteza quanto às condições do hospital da rede pública. 

As crianças nasceram sem vida, com pesos diferentes e estavam na câmara fria da unidade de saúde, identificadas e aguardando a liberação às famílias. O que já era motivo de tristeza se transformou em algo pior.

O caso só foi descoberto um dia depois da liberação de um dos corpos, quando uma das mães, sem saber o motivo da morte da filha, pediu para que exames fossem feitos a fim de esclarecer a causa. Ao ver o bebê, ela não o reconheceu e informou que havia algo errado. A moradora de Brazlândia pediu esclarecimento à direção do hospital, que não soube explicar o que havia ocorrido. No mesmo dia, a outra mãe, Eliete Pereira Braga, sem saber de nada, enterrou a outra criança. Ela é moradora do vilarejo de Taboquinha, pertencente ao município de Padre Bernardo (GO), a 46 quilômetros do DF.

“sem chão”

Elias Miziara, secretário-adjunto de Saúde


Segundo Eliete, a direção do hospital entrou em contato com ela, explicou a troca e informou que seria necessário exumar o corpo da criança enterrada. “Acredito que o responsável não agiu de má-fé, mas como minha filha estava com a pulseirinha de identificação, eu fico me perguntando como foi que ele não enxergou isso. É algo muito doloroso e que me deixou sem chão”, lamenta. A outra mãe não foi identificada.


A Secretaria de Saúde exonerou no último dia 6 o supervisor de emergência do HRB, por considerar a falha grave e irresponsável. O secretário-adjunto de Saúde, Elias Miziara, considera o caso atípico e informou que foi aberta uma sindicância para apurar o caso. “É um fato lamentável e que não deve mesmo acontecer. O que podemos afirmar é que o erro não foi do sistema público de saúde e sim de uma pessoa”, garante o secretário.


Segundo ele, a pasta abrirá uma investigação para descobrir a causa das mortes. Outra circunstância que não ficou esclarecida em relação à troca é a questão de as crianças terem pesos diferentes. A filha de Eliete tinha três quilos e a outra criança tinha 1,6 quilo.



Demora pode ter sido a causa de óbito


Eliete disse que no dia 18 de abril, data em que a filha nasceu, passou por dois hospitais, e houve uma grande demora para o parto. “Primeiro, a ambulância me levou para o hospital de Padre Bernardo. Lá, fiquei durante um

tempo, e os médicos decidiram me mandar para Brazlândia. Chegando no HRB, fiquei mais um bom tempo aguardando e quando fui atendida já era tarde demais”, lamenta Eliete, que recorda não ter escutado choro da criança ao nascer.


A família está transtornada com a situação, e pede que os médicos tenham mais cuidado em casos como esse para que outras pessoas não sofram o que eles estão sofrendo.


LAUDO


O atestado de óbito não informa o motivo da morte do bebê. Na linha onde deveria estar descrita a causa consta apenas “morte fetal não identificada”. A família diz não saber para onde recorrer. O pai de Eliete, o lavrador Antônio Pereira Braga, 67 anos, disse que nenhum médico quis falar com a família para esclarecer a morte. “ A gente pediu informação e ninguém soube nos falar o que foi”, reclama.

A mãe da criança cobra providências sobre o motivo da morte, porém, afirma estar impossibilitada de acompanhar o caso, pois mora longe do hospital e não tem condições de ver de perto as investigações da Secretaria de Saúde. Agora, ela aguarda a liberação do corpo da filha verdadeira, que segundo a direção do HRB será na próxima terça-feira.

Saiba mais

A Secretaria de Saúde afirmou que vai prestar apoio jurídico e psicológico às famílias e garantiu que irá arcar com os gastos do sepultamento da filha da moradora de Padre Bernardo.

O primeiro sepultamento foi arcado pela prefeitura do município da cidade goiana.

Pense nisso
A situação no HRB é mais um caso de um procedimento rotineiro dos hospitais, que quando falha causa um transtorno a famílias, além do sofrimento. Mostra, ainda, que as falhas na saúde pública vão além de emergências lotadas.

Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br

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