- O jogo
A exemplo do que fizera contra o São José, no fim de semana passado, o Canoas não deu margem ao rival da noite quase invernal de frio, chuva fina e vento forte deste 14 de abril. Nem bem Leandro Vuaden havia autorizado o início de jogo e o time da casa já pulava na frente, confirmando com gol o “abafa” sobre o Pelotas. A um minuto, Jé usou a canhota em cobrança de escanteio com efeito, Diogo Rincón desviou de cabeça no centro da área e acertou o canto direito de Fernando Júnior para abrir a contagem e marcar pela primeira vez com a camisa canoense.
Na tentativa de reverter a imposição mandante, o Lobão criou duas boas situações ofensivas aos três e aos seis, através de Guly e Cleiton respectivamente. Ambos, entretanto, pararam no atento Vaná, que segurou a conclusão do avante uruguaio e espalmou a do habilidoso camisa 11.
Em vantagem, o Canoas não deixava por menos. Também por duas vezes respondeu forte à breve pretensão áureo-cerúlea de controlar a posse de bola e dominar seu terreno. Em contragolpe aos quatro, Miro Bahia recebeu de Márcio Jonatan na ponta de ataque e bateu forte mas à esquerda; aos nove, Jé desferiu potente chute defendido com dificuldade pelo goleiro.
O intenso ritmo do duelo não se estendeu por muito tempo, afinal Vuaden não hesitou em apitar inúmeras faltas diante da combinação campo molhado e entrechoques frequentes. Numa delas, aos 22, Guly aproveitou a confusão na grande área após o toque oriundo da segunda trave e virou às redes: 1 a 1.
Imediatamente, porém, surgiu a reação. Aos 24, o especialista Jé bateu tiro livre com categoria e por cima da barreira, no ângulo inferior esquerdo de Fernando: 2 a 1, o terceiro gol de falta do camisa 10 e capitão no campeonato.
Daí em diante, a superioridade do time metropolitano tornou-se mais nítida. Compactado e bem disposto taticamente, vendia caro qualquer permissão ao Pelotas, que só conseguiu furar sua última linha defensiva já no final do primeiro tempo, quando Renan superou a marcação e finalizou por cima.
Antes, o Canoas é que acumulou oportunidades, sendo os mais destacáveis as de Miro, em arremate cruzado, aos 31, e de com Moisés, da intermediária, oito minutos mais tarde.
A tônica dos primeiros 45 não se alterou significativamente na etapa complementar. Por detalhe, inclusive, o classificado às semifinais não se definiu ainda nos primeiros movimentos. Aos três, Márcio Jonatan carimbou o travessão em rebote de outra cobrança feita por Jé; aos 11, o próprio articulador, de frente para a meta pelotense, concluiu fraco com a direita.
Por merecimento, a insistência seria premiada aos 23, quando Márcio arrancou em velocidade e tocou na saída do camisa 12, que usou as pernas para evitar o gol. A sobra, porém, caiu nos pés de Miro Bahia, que teve de chutar duas vezes até a bola ultrapassar a linha: 3 a 1 e vaga encaminhada.
Na metade final, o que se viu em campo foi um Canoas tão organizado a ponto se de dar ao luxo de administrar o placar, ao mesmo tempo em que não descartava o intento de ampliá-lo. Moisés exigiu que Fernando voasse para espalmar seu petardo de longe, aos 35 por exemplo, impedindo um golaço.
Por sua vez, ao apostar na bola parada como derradeira tentativa de ressurgir, o Lobão teve na segurança de Vaná uma barreira intransponível a simbolizar o novo Canoas do Gauchão 2012: invicto em casa e com 63% de aproveitamento na Taça Farroupilha e agora entre os quatro melhores times do returno.
Diogo Rincón (meia-atacante)
– A partir do momento em que aconteceram mudanças e tivemos um período maior de treinos, passamos a esperar por isso. Estávamos jogando para fugir do rebaixamento e agora pensamos em voos mais altos, em chegar às finais. Esta partida contra o Pelotas era de extrema importância, e que bom que consegui contribuir, ajudando o time a passar de fase. Foi a primeira vez que conseguimos atuar em igualdade com o adversário, pois sempre jogamos pressionados e precisando da vitória. Hoje (ontem) conseguimos tirar um peso grande e jogar melhor. O gol no começo foi importante, mas os 90 minutos foram difíceis. Então, toda a equipe está de parabéns.
Jé (meia-atacante)
– Uma vitória muito importante para valorizar o trabalho desse grupo, que no início foi contestado até pelo que vinha acontecendo. Não conseguíamos os resultados no primeiro turno, mas tudo foi reformulado com a chegada de uma comissão nova e de jogadores, o que nos ajudou a alcançar esse estágio e cada vez crescer mais. Conquistamos a classificação e agora estamos na semifinal.
Rogério Zimmermann (técnico)
– Mais do que importante, é merecido. Não foi por acaso, mas através de muito trabalho. Contra o Pelotas, não foi nosso primeiro mata. Desde a estreia na Taça Farroupilha não podíamos perder nenhuma partida, sob pena de sermos rebaixados. Estamos no mata-mata há horas. Jogamos melhor e foi justo, ainda mais para quem disse que o adversário era favorito. O maior mérito é dos jogadores. São eles que executam. Não são simples vitórias em casa, essa foi a quarta seguida, mas vitórias sob pressão o tempo inteiro. Se não ganhássemos do São José, do São Luiz, do Santa Cruz, cairíamos de divisão. O que fizemos foi aproveitar o espaço entre a Piratini e a Farroupilha e a semana entre os jogos. O tempo, o trabalho, a dedicação e a confiança fizeram a gente chegar à semifinal.
Abaixo de chuva, Jé agradece aos céus por gol e passagem às semifinais da Farroupilha.
Ficha Técnica
Campeonato Gaúcho 2012 - Taça Farroupilha - Quartas de final
Canoas 3 x 1 Pelotas
Local: Complexo Esportivo, em Canoas (RS)
Data: 14 de abril de 2012
Horário: 20h30
Arbitragem: Leandro Vuaden
Auxiliares: Carlos Selbach e Lucio Flor
Gols: Canoas - Diogo Rincón (1'/1°T), Jé (24'/1°T) e Miro Bahia (23'/2°T)
Pelotas - Guly (22'/1°T)
Canoas: Vaná Luciano; Rondinelle, Carvalho, Renato Martins e Tiago Silva; Ricardo, Moisés, Jé (Diogo Oliveira) e Miro Bahia (Telê); Márcio Jonatan e Diogo Rincón (Dudé).
Técnico: Rogério Zimmermann
Pelotas: Fernando Júnior; Renan (Claiton), Kléber Goiano, Marco Tiago (Foguinho) e Brida; Carlos Augusto, Douglas Silva, Cleiton e Maicon Sapucaia (Clodoaldo); Guly e Reinaldo.
Técnico: Beto Almeida
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